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Quem vê tanta série?

Pesquisa revela que jovens solteiras são as maiores viciadas no gênero no país; há quem siga 15 de uma vez

ISABELLE MOREIRA LIMA DE SÃO PAULO

Crimes, sexo, médicos, bombeiros, a rotina de uma casa funerária --tudo é tema para uma nova série.

Depois do burburinho sobre uma era de ouro da TV, ancorada na qualidade dos produtos dramatúrgicos e numa forte migração de profissionais tarimbados do cinema para a tela menor, o que se vê agora é a abundância da oferta de títulos.

De "Game of Thrones" a "Downton Abbey", passando por novidades como a comédia "Brooklyn Nine-Nine", ao menos dez séries estreiam novas temporadas no Brasil em abril.

Nos Estados Unidos, até fevereiro passado, 95 pilotos foram encomendados pelos canais de TV aberta, segundo a revista "Hollywood Reporter". Há 20 indicados ao Oscar envolvidos nos projetos.

Surge então a pergunta: quem vê tanta série?

Entre brasileiros que assistem à TV aberta, mulheres solteiras de 12 a 19 anos das classes A e B são as maiores fãs de séries estrangeiras. Os dados são do estudo Target Group Index, do Ibope, realizado com 20,7 mil pessoas.

O perfil coincide com o de um levantamento da divisão de pesquisa de consumo da Ericsson, o Consumer Lab.

Segundo os dados, mulheres solteiras com segundo grau completo e idade entre 25 e 34 anos são as maiores aficionadas --de zero a dez, deram sete para a importância das séries em sua vida. A pesquisa ouviu mil pessoas de todo o Brasil por meio de um questionário on-line.

"Nós descobrimos que a forma como as pessoas assistem às séries mudou. Não é mais apenas pela manhã ou à noite, mas em dispositivos móveis a caminho do trabalho e ao longo do dia", diz André Gualda, analista do Consumer Lab da Ericsson.

Gualda diz que o fator mais importante na hora de escolher a que série assistir é a recomendação. "Ainda estamos muito restritos a nossos amigos na hora de decidir o que ver. Ou alguém te fala ou você vê alguém compartilhando dados sobre uma série em uma rede social."

Para o jornalista americano Brett Martin, autor do livro "Homens Difíceis", sobre a boa fase das séries, assistir a produções de qualidade tornou-se sinal de erudição. "É uma espécie de moeda cultural. Há certa pressão para se assistir a tudo, virou assunto."

Pedro Curi, professor de comunicação da ESPM que faz doutorado na UFF sobre o consumo de séries, descobriu que há uma boa parcela de brasileiros que assistem a mais de 15 séries de uma vez.

Parece impossível, mas o que se faz é acompanhar parte dessas séries com mais afinco, e ter outras "sobressalentes" para os intervalos de temporada.

Esse grupo de espectadores representa uma fatia de 23,3% dos pesquisados por Curi com idade entre 18 e 21 anos. A porcentagem é bem maior do que os que têm a mesma idade e assistem de 7 a 9 (10%), 10 a 12 (7%), ou 13 a 15 (4,2%). No total, o pesquisador entrevistou 1.033 pessoas em 2011 e 2012.

Outro dado curioso é que os fãs estão cada vez mais descolados da ideia de "assistir à televisão". O que assistem é às séries, que podem passar na TV, no computador, no celular ou em outro aparelho eletrônico.

Do lado de quem faz as séries, a abundância de oferta de produtos pode tornar a vida mais difícil. "É mais fácil vender uma série, porque há muitas plataformas hoje. Se você é bem estabelecido, consegue se fazer ouvido. Mas é mais difícil atrair a atenção do público porque há opções demais", diz Gideon Raff, criador de "Homeland", sobre uma agente bipolar da CIA.

Allen Kingsberg, professor de TV da Universidade de Columbia, em Nova York, é mais pessimista. "Breaking Bad' acabou e Mad Men' só tem mais uma temporada. Não que a era de ouro vá acabar, mas não estamos em seu melhor período", afirma.


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