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Crítica - Romance

'Vento Leste' faz crítica indisfarçada a nacionalismo japonês

OSCAR NAKASATO ESPECIAL PARA A FOLHA

"Vento Leste", do escritor japonês Otohiko Kaga, tem os elementos típicos de um romance best-seller: linearidade, emoção e um narrador onisciente, capaz de informar o curioso leitor tudo o que ele quer saber e, no último capítulo, o destino de cada um.

A leitura do romance revela meticulosa pesquisa histórica. É a narrativa da participação do Japão na Segunda Guerra Mundial, com destaque para as negociações de paz com os Estados Unidos que antecederam o ataque a Pearl Harbor e a preparação e a performance dos aviões bélicos japoneses, inferiores aos americanos.

A primeira parte do romance tem o singelo título "Um Verão nas Montanhas". Antes da tragédia da guerra, como para dar conforto aos personagens e aos próprios leitores, a família Kurushima passa dias felizes numa casa de veraneio. A casa --ou a família-- é lugar de segurança espiritual, mesmo quando começam a faltar condições básicas de sobrevivência.

Kaga não revela parcialidade ao narrar o conflito bélico. Ao contrário, há uma indisfarçada crítica ao ultranacionalismo japonês.

A família protagonista é emprestada da realidade. O pai, Saburo Kurushima, é o diplomata Suburu Kurusu, que foi enviado pelo governo do Japão aos Estados Unidos para as negociações de paz.

O personagem Ken, filho de Saburo, é Ryu Kurusu, projetista de aviões e piloto do exército japonês.

Ken carrega o drama mais cativante da história. Filho de pai japonês e mãe americana, sofre bullying nos Estados Unidos e no Japão. No exército, é menosprezado pela aparência caucasiana. Na guerra, é considerado covarde por seu posicionamento contrário aos ataques aéreos suicidas.

"Vento Leste" também mostra a miscigenação, ainda rara no Japão da primeira metade do século 20, como fenômeno natural. A casa da família, aliás, é espaço democrático de convívio inter-racial, com convidados japoneses e ocidentais.


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