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Mais divertida ópera de Verdi estreia no Municipal
Em 'Falstaff', o cantor italiano Ambrogio Maestri no papel-título é a grande atração
O Theatro Municipal de São Paulo fará hoje a primeira das oito récitas de "Falstaff", última ópera de Giuseppe Verdi (1813-1901) e a que tem o mais divertido enredo.
Com regência de John Neschling e direção cênica de Davide Livermore, a produção terá como atrativo, no papel-título, o baixo-barítono italiano Ambrogio Maestri.
Ele é hoje, aos 44 anos, o mais prestigiado intérprete de "Falstaff", a quem deu voz duas centenas de vezes em cenas líricas como o Met, de Nova York, ou o Scala, de Milão. Foi também o protagonista das três últimas gravações da ópera em DVD.
Neschling disse à Folha que programou a ópera ao saber, em 2013, que Maestri estaria disponível em abril deste ano e disposto a se apresentar no Brasil.
Baseado em Shakespeare e com libreto de Arrigo Boito (1842-1918), sir John Falstaff é um personagem histriônico e fascinante. Arruinado, obeso e envelhecido, considera-se atraente para, de modo patético, lançar-se em novas conquistas amorosas, que obviamente não dão certo.
Mas o fracasso não o deprime. "Tutto nel mondo è burla", diz ele a certa altura, atribuindo à palavra burla o significado de gracejo.
Na ópera, estreada em 1893, John Falstaff nos inspira uma mistura de carinho e simpatia. Temos um herói decadente.
A montagem do italiano Livermore transpõe a ação do começo do século 15 para uma Londres contemporânea, em que damas bem vestidas da nobreza cruzam com punks e outros tipos urbanos.
Não é propriamente um produto "Regietheater", que surgiu na ópera da Alemanha e no qual o diretor cênico tem poderes ilimitados, mesmo para impor leituras mesmo absurdas. Mas é uma modernização engenhosa e divertida, diz Neschling.