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Crítica serial

LUCIANA COELHO coelho.l@uol.com.br

'Game of Thrones' volta com mais política

Quarta temporada, iniciada semana passada, deslancha saga sobre disputa por poder em terra fictícia

EMBORA "FELIZES" e "para sempre" sejam expressões que não caibam em "Game of Thrones", casamentos têm sido promissores em Westeros, o lugar fictício onde se passa a saga meio fantasia-meio drama político de George R.R. Martin levada às telas pela HBO.

Não deve ser diferente hoje à noite, quando o psicótico rei Joffrey se unir à ambiciosa Margaery Tyrell.

Promissores, claro, em desdobramentos dramáticos --algo em que o primeiro episódio da quarta temporada, levado ao ar domingo passado no Brasil e nos EUA, serviu apenas como "teaser", provocação. (Leitores em dia com a série podem seguir aqui sem medo de spoilers).

Soubemos que o monarca adolescente lindamente interpretado por Jack Gleeson subirá ao altar com a personagem de Natalie Dormer, uma adepta da realpolitik que se mostra até agora como a mais pé-no-chão de todo o extenso cardápio humano dos sete reinos.

Também fomos apresentados a mais um personagem que odeia a família reinante Lannister e adora sexo e sangue, o promissor Oberyn Martell/Víbora Vermelha (Pedro Pascal), e vimos a voluntariosa Arya Stark (Maisie Williams) reencontrar sua espada roubada, já a recolocando em ação.

Mesmo assim, deu um medo tremendo de que a nova temporada repita o tédio da segunda, na qual nunca parava de surgir gente, todos indo e vindo sem chegar a lugar nenhum, com o roteiro salvo apenas no final por uma batalha catalisadora.

Desta vez, porém, as coisas devem esquentar logo. Dragões e zumbis à parte, o rumo que a série toma é de intriga palaciana com reflexos de geopolítica, a ponto de publicações respeitáveis desta área, como a "Foreign Affairs" e a "Foreign Policy", já lhe terem dedicado análises.

O resultado é mais interessante também para quem só gosta de uma boa narrativa. O mundo de Martin, 65, é muito menos maniqueísta do que a Terra-média criada por J.R.R. Tolkien (1892-1973), com quem costuma ser comparado.

Exceto pelo chatíssimo Ned Stark (Sean Bean), devidamente despachado, e pela deslocada Brienne (Gwendoline Christie), não há boas almas em Westeros.

Embora gente como a "mãe-dos-dragões" Daenerys (Emilia Clarke) e o sarcástico Tyrion Lannister (Peter Dinklage) atraia empatia, todos são corruptos e corruptores, o que torna "Game of Thrones" um parente de "House of Cards" travestido em capa-e-espada.

Martin é prolixo e corre o risco de se perder na própria saga antes de concluí-la, mas até agora os responsáveis pela série, David Benioff e D.B. Weiss, têm mostrado agilidade e conseguido agradar, simultaneamente, autor e público.

O episódio mais recente derrubou o site da HBO nos EUA, que o disponibiliza em streaming para assinantes, e registrou 6,6 milhões de espectadores, a maior audiência do canal exceto pelo final de "Família Soprano", em 2007. Tal qual a contagem de mortos na série, esse numero só deve crescer.


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