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Henrique Oliveira inaugura obra monumental de madeira no MAC

Visitante poderá caminhar dentro de túneis da instalação, que ocupa 1.600 metros quadrados

Para erguer o conjunto de lascas e galhos foram usados 500 mil parafusos e 8 km de tubos de PVC

NINA RAHE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Entre fevereiro e março, um amontoado de tapumes tomou conta da parte externa da nova sede do Museu de Arte Contemporânea da USP.

Foram necessárias seis viagens de caminhão para descarregar o total de madeirite e galhos de árvore. Também aportaram ali cerca de 500 mil parafusos, cem litros de cola e oito quilômetros de tubo PVC --quase três vezes a extensão da avenida Paulista.

Na área exterior, pouco se vê das lascas de madeira. Quase todas já compõem a instalação "Transarquitetônica", de Henrique Oliveira, 40. Parecem agora pinceladas sobrepondo-se.

Ao lado do trabalho monumental, que ocupa uma sala de 1.600 metros quadrados e será inaugurado no dia 26 de abril, o paulista e sua equipe parecem miniaturas.

O artista, que hoje transita entre a pintura, a escultura e as obras tridimensionais, pouco se lembra do tempo em que só podia pintar telas de 1 m x 1,5 m, as únicas que cabiam dentro da pequena lavanderia da república onde vivia --o local fazia as vezes de ateliê.

"Agora estou com um pouco mais de espaço", diz, com "modéstia".

Por meio da instalação, Oliveira proporciona uma viagem temporal. Parte de um cubo branco, referência ao ambiente expositivo e também à sede do MAC, projetada por Oscar Niemeyer, e o deteriora ao longo do trajeto.

As estruturas de madeira assumem formas cada vez mais orgânicas e culminam em galhos de árvores. Ao andar dentro da obra, é como se o público começasse o percurso em um museu e terminasse diante da natureza.

Pela dimensão, o projeto é o mais desafiador na carreira do paulista. A infraestrutura de trabalho, no entanto, minimiza a empreitada: são mais de 20 assistentes ajudando na montagem.

Foi ainda na graduação de comunicação e artes que Oliveira percebeu a madeira como matéria-prima. Começou utilizando-a de suporte para as pinceladas, mas notou rápido que a superfície desgastada pelo tempo, com tantas irregularidades, poderia ser explorada por sua potencialidade plástica.

Não passou muito tempo para que seu nome ecoasse além do circuito das galerias. "A Origem do Terceiro Mundo", instalação apresentada na 29ª Bienal de São Paulo, em 2010, foi reverenciada também pelo público.

Sempre que pode, Oliveira revisita o endereço de suas criações. Gosta de observar a reação das pessoas. Até hoje, as mais acaloradas vieram durante a 7ª Bienal do Mercosul, em Porto Alegre: variaram entre um transeunte que não acreditou no que via --troncos saindo de dentro de uma casa-- e outro que julgou a intervenção como atrativo de ratos e baratas.

"A obra estava na fachada, de frente para a rua, por isso as reações foram mais inesperadas. Dentro dos museus, costuma ser diferente", diz.


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