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Qual é a música?

Patrocinadores e TV Globo lançam canções para apoiar o Brasil na Copa, na fórmula que vem desde 1970 com 'noventa milhões em ação, salve a seleção'

THALES DE MENEZES EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

A Fifa apresentou com muita pompa a música oficial da Copa 2014, a insossa "We Are One (Ole Ola)". Mesmo com Claudia Leitte como uma das intérpretes, chegou tarde ao Brasil. O que não falta por aqui é música de Copa.

As canções de incentivo à seleção brasileira nos mundiais de futebol é uma tradição que vem desde a outra Copa no país, em 1950, quando Sílvio Caldas cantou "Hino do Scratch Brasileiro", de Lamartine Babo, e Linda Batista gravou "O Brasil Há de Ganhar", de Ary Barroso.

A seleção de cantores para a segundo Copa no Brasil não traz gênios como esses, mas os convocados têm popularidade: Sandy, Thiaguinho, Marcelo D2, Gaby Amarantos e Luan Santana, para ficar só nos titulares absolutos.

As músicas estão "nascendo" já com videoclipes, bombardeados nas redes sociais. Por trás de todas, patrocinadores da Copa e a TV Globo, que reformata sua música/vinheta feita há 20 anos.

É aquela do "Eu sei que vou/Vou do jeito que eu sei...", criada para a Copa de 1994, nos EUA. Volta em vinhetas com Sandy, Thiaguinho, Emanuelle Araújo, Gusttavo Lima, Samuel Rosa, Luan Santana e Marcelo D2.

A música foi adotada em todas as transmissões de futebol da Globo, e essa insistência acaba por transformá-la na maior rival da grande campeã das músicas pró-seleção no imaginário popular.

Trata-se de "Pra Frente, Brasil", hino de fato e de direito do tri brasileiro da Copa de 1970, no México. Amplamente conhecida por seu primeiro verso -- "noventa milhões em ação"--, sua origem é similar às das canções da safra 2014: também foi bancada por patrocinadores das transmissões de TV da Copa.

O jornalista e poeta Miguel Gustavo (1922-1972) inscreveu a letra em um concurso bancado por Esso, Souza Cruz e Gillette. Vencedora, teve muitas gravações. A primeira delas abria com o verso "Setenta milhões em ação", mas a divulgação de um novo censo demográfico obrigou uma alteração urgente na letra, que chegou à Copa já atualizada.

ESPÍRITO UFANISTA

As músicas de apoio à seleção eram até então ligadas a uma ou outra rádio. Segundo Igor Carvalho, 79, que era programador de três emissoras em 1970, a consagração de "Pra Frente, Brasil" veio porque todas as rádios cederam ao apelo popular.

"O espírito ufanista da música era criticado por quem tinha alguma noção do que acontecia no país, atacavam a utilização do futebol pela ditadura", recorda Carvalho. "Mas as exibições da seleção no México, com sete vitórias seguidas, levaram todo mundo a cantar junto."

"Pra Frente, Brasil" fez escola. A partir dela, as músicas do gênero deixaram de exaltar pessoalmente este ou aquele jogador. O mote principal passou a ser a emoção do torcedor.

Jair Oliveira, que escreveu "Mostra Tua Força, Brasil", ressalta essa preocupação na letra. A música está nas redes em clipe bancado pelo Itaú, com Fernanda Takai e Paulo Miklos nos vocais.

"Pensei na emoção demonstrada pela torcida ao cantar o hino nacional à capela na Copa das Federações", conta Jair.

No torneio, disputado no Brasil no ano passado, o hino era tocado pela metade antes dos jogos da seleção. Depois que a versão orquestrada terminava nos alto-falantes, o público continuava a cantar a letra até o fim, quebrando o protocolo da Fifa.

Os versos de Jair: "Só a gente tem as cinco estrelas na alma verde-amarela/ E só a gente sabe emocionar cantando o hino à capela".

Seu Jorge resgatou para a LG uma canção antiga de seu repertório, "Festa Brasileira", e tratou de cantá-la no clipe "Arena Brasileira", com direção de grife: Spike Lee.

A paraense Gaby Amarantos se uniu à batucada carioca do Monobloco em "Todo Mundo", lançada no ano passado pela Coca-Cola.

A Fifa ainda vai mostrar mais duas "músicas da Copa": "Vida", que venceu concurso mundial e será gravada pelo porto-riquenho Ricky Martin, e "Dar um Jeito (We Will Find a Way)", que será cantada no encerramento do torneio por Alexandre Pires, o mexicano Carlos Santana, o haitiano Wyclef Jean e o sueco Avicii.

Com tantas músicas por aqui, e dinheiro rolando para divulgá-las, nem precisava incomodar esses gringos.


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