Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Teatro

'Vidas Privadas' leva humor para público dos musicais

Dirigida por José Possi Neto, de 'Cabaret', peça mostra reencontro de casal

Escrita por Noël Coward, comédia que estreou em 1930 é referência da Broadway e do West End londrino

NELSON DE SÁ DE SÃO PAULO

O diretor José Possi Neto, 40 anos de carreira, vem de quatro musicais e entra agora na outra vertente do que chama de teatro de entretenimento. Estreia no dia 10 "Vidas Privadas", comédia de referência da Broadway e do West End londrino, no Teatro Jaraguá, em São Paulo.

"O público de teatro sério está todo de cabelos brancos", diz, destacando que vai "muito mal a relação" com a plateia. "Mas tem um público de entretenimento que cresceu enormemente. Um público que a gente não tinha e percebe nos musicais. Eles são loucos por musicais."

Nos últimos dois anos e meio, ele encenou "Cabaret", "New York, New York" e "Crazy for You". Em 2010, já havia montado "Bark! Um Latido Musical", também americano, mas off Broadway. "Um musical de cachorros, que foi divertido --e ótimo, pois serviu de treino para cair depois nos outros."

Foi o produtor de "Bark!", João Federici, quem convidou Possi para "Vidas Privadas". Ele concorda com o diretor quanto ao público atual e diz que a comédia de Noël Coward, que estreou em 1930 em Londres e no ano seguinte em Nova York, "é popular, completamente popular".

Ela tem "um pouco de vaudeville, da comédia rápida, mas também uma pegada que foge bastante, porque é muito inteligente", diz Federici. "E os personagens são amorais, têm aquela coisa do final dos anos 1920, virada para os 1930, aquela loucura."

O tradutor Marcos Renaux explica que Coward (1899-1973) "é um cara de comédia de costumes, fez dezenas" e as "usava para denunciar frivolidades e outras coisas da sociedade inglesa da época com as quais não estava de acordo". Também fez musicais e canções, uma delas presente em "Vidas Privadas".

SOFISTICAÇÃO

Segundo Possi, embora popular, a peça de Coward não é "simplesmente para fazer rir e tem uma história sobre paixão doentia e ciúme que chocava, subvertia valores". Na trama, um casal separado se reencontra, por acaso, em quartos colados, após se casarem com outras pessoas.

Sobretudo, diz o diretor, "é comédia sofisticada, gênero com carência enorme". A comédia no Brasil apresenta hoje "coisas até interessantes, mas na maioria grosseiras", para um público de entretenimento que, na verdade, "é exigente, quer qualidade".

Lavínia Pannunzio faz Amanda, a mulher do casal, papel de Kim Cattrall ("Sex and the City") na mais recente produção na Broadway. A atriz vem de atuar nas peças inglesas "Honey", de Shelagh Delaney, e "A Serpente no Jardim", de Alan Ayckbourn.

"Eu gosto de personagem e a dramaturgia inglesa tem uma fartura", diz Lavínia. "E tem humor, essa coisa sarcástica com eles mesmos. A Amanda chega a ser nonsense nas reações. Ela é tão livre, tão excessivamente aberta, nada careta para a época, que soa fora do seu tempo."

No segundo ato de "Vidas Privadas" aparece até "uma doença" na relação do casal, chegando à violência física. Segundo a atriz, de maneira geral a comédia de Noël Coward "está expondo quatro pessoas patéticas, tentando lidar com os interesses uns dos outros, umas que mentem mais, outras que mentem melhor".


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página