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Michael não morreu

Novo álbum do rei do pop, morto há cinco anos, soa como déjà-vu, mas supera seu 1º CD póstumo

ADRIANA KÜCHLER DE SÃO PAULO

Elvis não morreu. E, ao que tudo indica, Michael Jackson também não. Afinal, o rei do pop vai lançar "Xscape", um disco com oito músicas novas, no próximo dia 13, quase cinco anos após a morte.

As canções foram resgatadas do baú de relíquias de Michael pelo produtor L.A. Reid, presidente da Epic Records e ex-jurado do programa de calouros "The X Factor".

Se os fãs estão dando moonwalks de alegria com a novidade, os críticos já desfazem da obra como exploração póstuma e caça-níqueis de material previamente descartado. Se as músicas mereciam estar em um CD, por que Michael não as lançou?

Talvez porque o cantor, como os fãs bem sabem, além de gênio, era perfeccionista demais. A Folha participou de uma audição do disco e, por incrível que pareça, as músicas de "Xscape" não são de se jogar fora --apesar de muitas vezes parecerem déjà-vu do próprio Michael.

Não chegam a ser hits que vão mudar sua vida, como os que traziam os álbuns "Off the Wall", "Thriller" e "Bad". Mas são muito melhores do que as canções do primeiro disco pós-morte, o fraco "Michael", de 2010 (não por acaso, quase ninguém se lembra dele), e melhores do que 93% do que toca hoje nas rádios.

As músicas, no entanto, não virão como Michael, com sua voz única, as gravou e guardou em sua gaveta. Foram "atualizadas" e bem trabalhadas por nomes como o "hitmaker" Timbaland, como produtor principal, Rodney Jerkins e Stargate.

Uma versão "deluxe" vai trazer também as faixas originais (sem a "atualização") e um documentário com bastidores. As duas opções já estão disponíveis para pré-encomenda pelo iTunes.

Na audição, na terça-feira, em São Paulo, celulares tinham que ser entregues para os organizadores (Sony) e lacrados para evitar que o conteúdo vazasse (apesar de os fãs já estarem familiarizados com várias das faixas, que vêm aparecendo na rede).

"Por favor, não vazem se não eu perco meu emprego", brincou Alexandre Schiavo, presidente da gravadora Sony Music no Brasil.

As "novas" músicas não são necessariamente novas. Para que entrassem no disco, o único pré-requisito era que estivessem prontas, com vocais completos de Michael, começo, meio e fim. A gravadora não informou a época em que cada uma foi feita.

"Algumas nós nem sabemos de quando são", diz Lorenzo Braun, vice-presidente de marketing internacional da empresa. "Sabemos que cobrem período aproximado de 25 anos de produção."

Sentados num auditório, olhando para a foto de Michael na capa do disco (com olhar desafiador e desconfiado e uma roupa que parece um colar elisabetano para cachorros), os jornalistas e convidados ouviam as músicas tentando conter a síndrome das pernas irrequietas.

Pés envergonhados marcavam o ritmo, cabeças balançavam sem querer, dedos estalavam por impulso. No fim de cada música, palmas incontidas e "uhus". Mesmo em seus "b-sides", é possível perceber que Michael tinha o toque de Midas --cravejado de Swarovskis. Michael é rei, não morreu e ainda pode fazer mais sucesso.


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