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Crítica - Drama

Filme sobre a poeta Florbela Espanca exagera no melodrama

RICARDO CALIL CRÍTICO DA FOLHA

Do atual cinema português, conhecemos no Brasil sobretudo filmes pequenos, modernos e autorais, seja de veteranos como Manoel de Oliveira ou de novos talentos como Miguel Gomes.

Dirigido por Vicente Alves do Ó, "Florbela" pertence a outra linhagem. Filme português mais visto em 2012, ele carrega as marcas da tradição: tema nobre (a vida da poeta Florbela Espanca), produção vistosa, direção acadêmica, tratamento melodramático.

A verdade é que a vida de Florbela (1894-1930) leva naturalmente ao melodrama: um pai que não a reconheceu em vida, um amor exacerbado pelo irmão, três casamentos, dois abortos e três tentativas de suicídio --a última delas bem-sucedida.

Em seu segundo longa, Alves do Ó teve a sabedoria de não querer dar conta de todos esses elementos em um filme.

Preferiu concentrar-se em um período específico da vida de Florbela (Dalila Carmo), em que ela se casa pela terceira vez e leva uma vida pacata em uma região rural.

Mas essa "normalidade" acaba por bloquear a escrita de Florbela, e ela decide passar um tempo com o irmão em Lisboa, onde conhece amantes, descobre movimentos populares e revive sua quase incestuosa paixão fraternal.

A inteligência do diretor para fazer um recorte temporal não se estendeu ao tratamento do filme. Considerando os aspectos folhetinescos da vida de Florbela, ele poderia ter adotado um tom menor para não reiterar o melodrama. Pelo contrário, acabou por acentuá-lo com a trilha grandiloquente.

O resultado lembra antes a exagerada prosa romântica de um Camilo Castelo Branco do que a também intensa, mas enigmática, poesia de Florbela.


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