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Crítica - Show
Eddie Vedder deixa de ser messias por uma noite
Cantor mostra simpatia e 15 músicas do Pearl Jam no show em São Paulo
Eddie Vedder manteve a escrita de surpreender o público em seu primeiro show solo no Brasil, na última terça. Incluiu dose maior do que a habitual de músicas de sua banda, Pearl Jam: 15, num total de 32. E foi muito simpático com a plateia paulistana.
"Crazy Mary" pode ser contada com a 16ª do Pearl Jam. Foi composta pela cantora Victoria Williams, mas desde 1993 o grupo praticamente a "roubou" da autora.
Era uma das mais pedidas no clamor insistente da plateia por músicas do Pearl Jam. Na parte final do show, quando Vedder iniciou "Crazy Mary", a casa lotada --mais de 4.000 pessoas-- veio abaixo.
Sozinho no palco do Citibank Hall --exceto em quatro canções que apresentou em dueto com Glen Hansard, o irlandês que fez o show de abertura--, Vedder cantou e tocou ukulele, violão e guitarra.
E nem sempre a guitarra significou momentos mais roqueiros. Fez versões furiosas também ao violão, exibindo um virtuosismo com as cordas que nem sempre tem espaço no shows do Pearl Jam.
Mostrou covers manjados, do tipo Neil Young e Ramones, e alguns inusitados, como a surpresa logo na abertura, "The Moon Song", que Karen O fez para o filme "Ela".
Vedder tratou de flertar com a plateia, lendo em português: "Como vocês podem ver, meu português é uma merda. Na próxima vez por aqui, vou para a escola aprender o lindo idioma de vocês".
Quando não entendeu o pedido de um fã, se saiu com essa, em inglês: "Sabe, eu tenho um outro emprego, com uma banda, e isso me deixou completamente surdo".
O show, de duas horas, esquenta para valer quando vira "acústico Pearl Jam". Mas, mesmo em momentos mornos, satisfaz o público trazendo para perto dele um dos grandes ídolos do rock, a melhor voz no gênero surgida nos últimos 30 anos.
Sem ser a figura messiânica que aparece nos estádios à frente do Pearl Jam, o Eddie Vedder despojado encanta seus súditos.
