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A bela & a fera

Estreiam 'Sob a Pele', que mostra a nudez de Scarlett Johansson, e 'Godzilla', que reinventa o monstro japonês

GUILHERME GENESTRETI DE SÃO PAULO RODRIGO SALEM COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES

Ela tem 29 anos, 1,60 m de altura, pele clara e voz sexy. Ele tem 60, 100 m de altura, pele escamosa, urro potente.

Chegam às telas "Sob a Pele", com Scarlett Johansson no papel de uma alienígena, e o blockbuster "Godzilla", que recria o monstro japonês.

No primeiro, do diretor britânico Jonathan Glazer, Scarlett fala pouco, mas mostra tudo: aparece nua em boa parte do tempo. A outra estreia tem a missão de reabilitar uma franquia de passado glorioso.

A BELA

"Sob a Pele" é uma ficção científica intimista'. Põe em cena uma alienígena solitária e sexy que vaga com seu carro pela Escócia à procura de caroneiros incautos. Em sua caçada, topa com tipos comuns. Alguns ela poupa, outros, seduz e elimina num ritual de strip-tease e morte.

A atriz diz ter ficado apreensiva com suas cenas de nudez.

"Você tem de pesar o risco", disse a jornalistas em Nova York. "É gratuito? É por vaidade pessoal ou é parte importante da jornada de autodescoberta da personagem?"

O longa é baseado na obra homônima de Michel Faber.

"É uma personagem que não tem nenhuma ideia preconcebida da humanidade", diz Scarlett. "Não faz julgamentos, não tem noções."

No filme pipocam escoceses de sotaque incompreensível. Tudo proposital, diz o diretor, Glazer. "O mundo é visto pelos olhos da alienígena. A Terra é o planeta estranho", disse, ao apresentar o filme em Veneza, em setembro. Seu filme independente foi um dos mais vaiados do festival.

A FERA

"Godzilla" é o tipo de filme que atrai o produtor Thomas Tull, ex-dono de uma rede de lavanderias que se tornou um dos maiores executivos de Hollywood no comando da Legendary Pictures.

Ele gosta de assumir franquias falidas e recriá-las para um novo público, caso de "Batman Begins" (2005) e do novo "Godzilla".

Criado em 1954 por Tomoyuki Tanaka (produtor), Ishirô Honda (diretor) e Eiji Tsuburaya (efeitos especiais), o monstro batizado de "Gojira" (mistura de "gorila" e "baleia" em japonês) rendeu 28 filmes e virou signo pop.

Então veio a versão hollywoodiana de Roland Emmerich ("Independence Day"), em 1998, fracasso de crítica e público. Há 16 anos, a ideia de um novo "Godzilla" é razão de piada em Hollywood.

"Todos falavam o mesmo do Batman", diz Tull. "Era um personagem que saiu dos trilhos e impossível de reerguer. Mas basta pegar o ícone e fazer o filme que o fã quer ver."

O novo longa, que custou US$ 160 milhões (R$ 354 milhões), ignora o anterior e busca as raízes japonesas. A começar pela metáfora: se o de 1954 representava o trauma nuclear pós-Hiroshima, o novo traz mensagem ecológica.

"Godzilla é a força da natureza; se os humanos brincam com ela, algo ruim acontece", diz o diretor, Gareth Edwards, que só tem um filme no currículo ( "Monstros").

A criatura é acordada para "restaurar o equilíbrio" quando a Terra é ameaçada por dois outros monstros que se alimentam de radiação.

"Não sei se é um herói, mas decidi colocá-lo contra outras criaturas, o público vai torcer por alguém. Prefiro que seja por ele", diz Edwards.

Bryan Cranston ("Breaking Bad") faz um ex-cientista americano que não superou a morte da mulher (Juliette Binoche) em um acidente numa usina nuclear no Japão.

Seu filho (Aaron Taylor-Johnson) é um especialista em mísseis que tenta voltar para casa e é impedido pelo surgimento das criaturas.

"Godzilla" tem cenas de homenagens a "Jurassic Park", como um helicóptero sobrevoando uma ilha. "Não foi consciente", diz o diretor. "O filme todo é uma carta de amor a Steven Spielberg."

"Espero que o novo Godzilla tenha personalidade, que não seja só um animal à solta", diz William Tsutsui, autor de livros sobre o monstro e professor de história japonesa no Hendrix College (EUA).

Ele diz que a metáfora ambientalista pode dar fôlego à franquia. "A ideia central em Godzilla é a lição moral. Se o monstro não tiver uma conexão humana, o filme falha."


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