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Lista de convidados da Flip gera debate

Editor da Record diz que literatura brasileira está ausente e reclama de 'concentração editorial' na programação

Companhia das Letras é a editora com mais escritores na feira, mas participação é a metade dos dois últimos anos

MARCO RODRIGO ALMEIDA DE SÃO PAULO

Uma discórdia envolvendo a maior editora e o principal festival literário do Brasil monopolizou o meio editorial nesta semana.

Horas depois do anúncio da programação oficial da Flip (Festa Literária Internacional de Paraty), na última terça, Carlos Andreazza, editor-executivo da Record, postou no Facebook um texto no qual criticava as escolhas da curadoria do evento.

Para ele, a Flip convidou "poucos, pouquíssimos --se com boa vontade-- escritores de literatura brasileira".

"Você publica, entre romancistas, contistas e poetas, cerca de 25 autores literários brasileiros por ano --e então chega a Flip, apresenta sua programação e não convida sequer um deles", escreveu o editor-executivo.

A Flip deste ano terá 41 convidados, sendo 23 deles brasileiros. O time nacional inclui, por exemplo, Fernanda Torres, Gregorio Duvivier, Antonio Prata (os três colunistas da Folha e publicados pela Companhia das Letras), Eliane Brum (Leya), Bernardo Kucinski (Cosac Naify) e Marcelo Rubens Paiva (Objetiva).

A Record emplacou dois nomes, ambos autores de não ficção: o jornalista americano David Carr e Marcelo Gleiser, colunista da Folha e professor de física em Hanover (EUA).

Andreazza também apontou "uma concentração editorial bárbara" na programação. Em férias nos EUA, disse depois à Folha que seu texto vocalizou a crítica de muitos editores. "Juntos, de mãos dadas, mínguam na Flip os espaços para a literatura nacional e para o diálogo", completou.

Tais queixas não são inéditas na história da Flip (e nem da Record). Em 2004, no segundo ano da feira, Sergio Machado, dono do grupo, distribuiu uma carta a amigos na qual relatava que a Flip "é um evento percebido como sendo da Companhia das Letras".

Luiz Schwarcz, editor da Companhia, foi um dos principais incentivadores da festa e participou da organização de sua primeira edição.

Em um levantamento da Folha, a Companhia aparece em primeiro lugar na lista das editoras com mais autores na história da Flip (32%). Em seguida vêm Record (12%) e Objetiva (8%).

Nesta edição, a Companhia também lidera a lista (tem seis autores), mas sua participação caiu pela metade em relação aos dois últimos anos. A editora não quis comentar o assunto.

Paulo Werneck, curador da Flip, contesta a acusação de "concentração editorial". "Acho que a programação foi bem democrática. Temos 21 editoras, é o maior número dos últimos anos", argumenta.

"Acho que a tese do Andreazza é pobre", conta Pascoal Soto, diretor da Leya, representada por dois autores nesta Flip. "É natural que a Companhia seja a mais contemplada, já que publica mais autores literários."

Para Bernardo Ajzenberg, diretor-executivo da Cosac Naify (segunda editora com mais autores nesta Flip), a curadoria deve se guiar por questões literárias. "Não é obrigação do curador contemplar todas as editoras, como um loteamento."

Luiz Fernando Emediato, fundador da Geração Editorial, que nunca participou da programação oficial da Flip, não vê problemas no predomínio de algumas editoras. "Há mesmo poucos autores brasileiros de ficção, mas são opções do curador, é direito dele fazer escolhas."

Editores e escritores que criticaram a curadoria preferiram não se identificar. Afirmam que é difícil entender os critérios da Flip e que a programação está menos literária.


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