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Temos grandes autores brasileiros, afirma curador

DE SÃO PAULO

"Faz tempo que literatura não é um território tão demarcado", diz Paulo Werneck, curador da Flip. Leia entrevista.

Folha - Quais foram os critérios da curadoria na montagem da programação?

Paulo Werneck - Procurei convidar autores millorianos, ou seja, que repercutissem aspectos da obra do Millôr, como a contestação ao poder, o humor, o ecletismo, o trânsito entre cultura erudita e cultura popular. Como um exercício curatorial para este ano, fixei-me o desafio de não repetir autores. Estamos vivendo uma renovação do repertório da própria Flip e quis marcar isso na programação.

Carlos Andreazza afirma que a literatura brasileira foi excluída da Flip.

Temos grandes autores de literatura brasileira, afirmar o contrário é desmerecer Antonio Prata, Eliane Brum, Bernardo Kucinski, Marcelo Rubens Paiva, que são escritores "puro-sangue". Há um poeta extraordinário, que é o Charles Peixoto.

Há em setores da opinião brasileira uma intolerância com artistas "de outras áreas" que escrevem livros. Mas faz muito tempo que a literatura não é um território tão demarcado, pois ela passou a dialogar com outras áreas da cultura.

É um orgulho ter a Fernanda Torres e o Gregorio Duvivier, assim como o Pérsio Arida, um economista que tem feito incursões literárias ao narrar suas memórias da prisão. Isso é um reflexo da diversidade da programação.

Andreazza argumenta que a Record é a editora que mais lança autores literários nacionais, mas não teve nenhum deles contemplados na programação. Cita como exemplo Cristovão Tezza, Lya Luft, Alberto Mussa e Evandro Affonso Ferreira. Algum deles chegou a ser cogitado?

Alguns, como Tezza e Mussa, já vieram e certamente virão de novo. Mas, pelo meu critério de não repetir, ficaram de fora, assim como outros excelentes autores que lançaram livros neste ano: Bernardo Carvalho, Sérgio Sant'anna, Adélia Prado, João Paulo Cuenca. Evandro Ferreira é um bom escritor, certamente estará na Flip, mais cedo ou mais tarde.

Mas meu trabalho não é satisfazer os desejos dos editores. De certo modo, é administrar as frustrações deles.

Um levantamento da Folha em 2012 apontou uma larga vantagem da Companhia entre as editoras com mais autores na Flip. Por que ocorre esse predomínio?

A curadoria não se pauta por cotas de editoras, mas pelas questões literárias.

O que acontece neste ano é que temos 21 editoras levando 41 autores para a Flip --e isso considerando apenas o livro mais recente de cada autor. É uma marca histórica.

Mas a participação também depende da capacidade de cada editor em convencer os seus autores. Alguns trocam e-mails com seus grandes autores, outros mal têm contato. Quase sempre, quando há contato pessoal, os convites são aceitos. Adoraria que Temple Grandin, Umberto Eco e John Le Carré, convidados internacionais neste ano, publicados pela Record, tivessem vindo.


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