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Crítica - Drama

Longa irônico e fantasmagórico faz crítica visceral a Hollywood

'MAPS TO THE STARS' NÃO É UM FILME DE FÁCIL DIGESTÃO E DEVE PROVOCAR DESCONFORTO

PEDRO BUTCHER COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Há tempos David Cronenberg não realizava um filme tão desagradável --no melhor dos sentidos.

Crítica visceral à superficialidade dos bastidores da Hollywood contemporânea, "Maps to the Stars" recupera o velho Cronenberg provocador de "Videodrome" e "Crash" depois de trabalhos mais comportados como "Um Método Perigoso" e mesmo "Cosmópolis".

"Maps to the Stars" é um filme extremamente fechado, cheio de referências ao mundo do cinema e, especificamente, a Hollywood. Pode ser visto como uma releitura de "O Jogador" (1992), de Robert Altman, com uma atmosfera mais pesada e pessimista.

Como Altman, porém, Cronenberg escapa da pior armadilha dessa aposta (fazer um filme demasiadamente autoimportante e sóbrio) ao introduzir humor e ironia nos momentos mais inesperados.

"Maps to the Stars" também pode ser visto como um filme de fantasmas. O roteiro de Bruce Wagner é povoado de espectros de crianças que infernizam a vida dos protagonistas, mas que, na verdade, são muito menos apavorantes do que os personagens por eles assombrados.

Bem mais assustadora, por exemplo, é Havana Segrand (uma interpretação absolutamente corajosa de Julianne Moore, que inclui momentos escatológicos e de ultraviolência). Filha de uma grande estrela de cinema que morreu nos anos 1970, Havana está obcecada em conseguir o papel principal em um "remake" e viver um personagem que foi de sua mãe.

Ainda mais assustador é também o terapeuta Dr. Stafford Weiss (John Cusack), pai do ator mirim Benjie Weiss (Evan Bird), estrela da milionária franquia "Bad Babysitter". E por aí vai.

Não há um só personagem agradável em "Maps to The Stars", nem mesmo a protagonista Agatha (Mia Wasikowska), uma jovem misteriosa que chega a Los Angeles depois de fazer amizade com Carrie Fisher (em participação especialíssima) pelo Twitter. Agatha começa um romance com um motorista de limusine e aspirante a roteirista e ator interpretado por Robert Pattinson, aqui bem mais convincente do que em "Cosmópolis".

"Maps to the Stars" não é um filme de fácil digestão e deve provocar algum desconforto na cena hollywoodiana. E o humor que desponta vez ou outra não está ali para apaziguar o confronto que o filme propõe. Pelo contrário --é um riso que torna tudo ainda mais incômodo.


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