Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Crítica - Comédia
Longe do riso fácil, produção espanhola se revela previsível
CÁSSIO STARLING CARLOS CRÍTICO DA FOLHAA avaliação ao final deste texto deveria ser ajustada para corresponder ao resultado do sexto longa de Cesc Gay. Como quase todos os filmes em esquetes, "O que os Homens Falam" é um filme irregular.
Com um elenco de peso, os episódios retratam situações que mostram o outrora sexo forte agora abalado por um conjunto de fragilidades.
Os personagens quarentões enfrentam depressões ou perderam o emprego, estão em processo de divórcio ou acabam de descobrir adultérios. Em suma, sentem-se à mercê das mulheres.
Mesmo que o tom seja cínico ou de farsa, não se trata de uma comédia que busca o riso fácil, nem equivale a uma versão espanhola de "E aí, Comeu?". O tratamento é mais melancólico, como uma demonstração de que os homens se encontram desamparados e assumem que perderam a tal guerra dos sexos.
No primeiro episódio, o melhor de todos, um reencontro de dois conhecidos sem nome liberta emoções retidas. O diálogo todo em alusões apreende um universo feito de cumplicidades, de ex-jovens que reencontram no outro algo que perderam.
O almodovariano Javier Cámara protagoniza o segundo, em que um homem separado sente reacender seu desejo pela ex-mulher. Ricardo Darín é o carro-chefe do terceiro, centrado num encontro em torno de um adultério.
Contudo, à medida que avança, o filme revela ser nada mais que uma sucessão de cenas, reiterações de um mesmo tema e essa fragilidade de sua construção torna o longa saboroso, mas previsível.