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Crítica serial

LUCIANA COELHO coelho.l@uol.com.br

'Veep' se firma como melhor comédia no ar

Série com a eterna Elaine, de 'Seinfeld', faz rir do poder e dispara piadas sem dó como metralhadora

QUAL A MELHOR comédia no ar na TV? "Veep". Os episódios mais recentes da atração são tão bons que dá para responder a essa pergunta controversa na lata.

Não era assim nas duas primeiras temporadas. Embora a série sobre uma vice-presidente desocupada e propensa a gafes (Julia Louis-Dreyfus) tenha tido ótimos momentos, as piadas miravam a política dos EUA, o que reduzia seu apelo.

Agora não. A política continua no cardápio, mas em seus aspectos mais universais. As piadas, metralhadas sem dó, não escolhem alvo nem respeitam o politicamente correto.

Só o vazio do cargo de vice-presidente é um tema recorrente (e, ainda assim, funciona). Ajuda, também, que o criador da série, o ítalo-escocês Armando Iannucci, não se iniba de fazer troça com Washington.

O texto é tão bom que as piadas aceleram da ironia fina e sacadas de costumes aos tropeços de um pastelão e os xingamentos de baixo calão com apelo adolescente na mesma cena, sem trepidação, como se fosse simples encaixar todos os tipos de humor em um script. O resultado? Gargalhadas histéricas.

E pontos na audiência.

A atual temporada conquistou sua melhor marca até agora (1,5 milhão de espectadores, razoável para uma comédia na TV paga nos Estados Unidos), uma capa da revista "Rolling Stone" e um lugar fixo nas referências pop americanas.

Um dos motivos foi a decisão de Iannucci de tirar os personagens da zona de conforto. A vice-presidente Selina Meyers agora está em campanha para se candidatar à Presidência e passa a maior parte do tempo fora do distrito federal.

Jonah (Timothy Simons), o assessor da Casa Branca que lida com a Vice-Presidência, é demitido; o assistente adulador Gary (Tony Hale) é proibido de carregar as coisas da patroa; Amy (Anna Chlumsky), chefe de gabinete, perde poder; e o azarado assessor de imprensa Mike (Matt Walsh) finalmente está feliz. Isso refrescou o enredo e tirou qualquer arreio que restasse no elenco.

A trupe, boa de improviso, responde pela outra parcela de sucesso da série. Aos 53, Louis-Dreyfus, por nove anos a Elaine da genial "Seinfeld", é a melhor comediante mulher dos EUA. Pequenina e refinada, pode fazer corar um Louis C.K. sem perder a pose.

Seu humor é rápido e ferino, e sua Selina tem, simultaneamente, a aura cool de Elaine e a mesquinharia de seu amigo George Constanza.

O personagem Jonah, do estreante Timothy Simons, um grandalhão desajeitado e imaturo, é tão bom que virou adjetivo em Washington e lhe rendeu convites para seis filmes.

Hale, o Buster de "Arrested Development", levou um Emmy (Louis-Dreyfus também ganhou). Walsh, mais de cem créditos no currículo, inspira pena e repulsa, e Chlumsky tem um timing cômico insuspeito para a garotinha que estrelou "Meu Primeiro Amor". Até o engomado Dan (Reid Scott) caiu no gosto dos assessores políticos.

A quarta temporada já foi confirmada pela HBO. Se a política de verdade não dá motivos para rir, que nos esbaldemos na ficção.


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