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Mostra de fotos relembra clássicos do country

Exposição em Los Angeles reúne imagens de músicos como Johnny Cash e June Carter

FERNANDA EZABELLA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DE LOS ANGELES (EUA)

O fotógrafo americano Les Leverett, 87, não se lembra de quando ou como foi apresentado pessoalmente a Johnny Cash (1932-2003), músico que viraria seu amigo. Mas tem na memória os detalhes claros da primeira vez que o fotografou.

Era novembro de 1960, no salão de um hotel em Nashville, nos Estados Unidos, capital da música country.

"Ele cantava I'm Going to Memphis', era uma de várias atrações da noite, e eu fiquei muito, muito impressionado", contou em entrevista à Folha Leverett, que voltou a fotografá-lo em estúdio anos depois, ao lado da cantora June Carter (1929-2003), que viria a ser mulher de Cash.

O astro apareceu na sessão com três horas de atraso, como se nada tivesse acontecido. "Ele pegou um banquinho, chutou seus sapatos para longe, encostou a cabeça na parede e começou a escrever uma música", conta o fotógrafo. "Ele tinha uma personalidade poderosa, uma presença forte. Era um louco, mas maravilhoso", completa.

A primeira foto que Leverett tirou de Cash e a imagem do casal no estúdio estão na exposição "Country: Portraits of an American Sound" (retratos de um som americano), em cartaz entre 31/5 e 28/9 no Annenberg Space for Photography, em Los Angeles.

HOMEM DE PRETO

São mais de cem trabalhos de dez fotógrafos que recontam os 80 anos do gênero musical, mostrando como a fotografia ajudou a criar a identidade dos artistas.

Johnny Cash também aparece bastante nas fotos do veterano Leigh Wiener (1929-1993). Imagens do "homem de preto", como também era conhecido, vestindo um terno branco, estão presentes na mostra. Já a fotógrafa Raeanne Rubenstein traz imagens do músico americano Gram Parsons (1946-1973) e da cantora Dolly Parton, enquanto David McClister clicou artistas mais recentes como Keith Urban e Miranda Lambert.

RITO DE PASSAGEM

A música country começou nos anos 1920, no interior da região sul dos EUA, com mistura de estilos europeus com o banjo criado pelos negros, e ficou mais popular nos anos 1940. Artistas deixavam o caipira de lado e abraçavam o caubói de Hollywood.

"O primeiro passo ao conseguir uma gravadora era fazer uma sessão de fotos. Era um rito de passagem", lembra Leverett, ganhador do Grammy de melhor fotografia de álbum pelo trabalho em "Confessions of a Broken Man" (1966), do cantor Porter Wagoner (1927-2007).

Entre 1960 e 1992, ele foi o fotógrafo da famosa casa de shows Grand Ole Opry, em Nashville, responsável por abrigar grandes estrelas da música, como a família Carter, Roy Acuff (1903-1992), Willie Nelson e Hank Williams (1923-1953).

"Meus dois filhos mais velhos fumavam muita maconha com os filhos de Helen Carter [irmã de June]. E Maybelle [mãe de June] chamava os garotos para ajudá-la a procurar por pílulas que Johnny escondia pela casa e as jogava na privada", conta Leverett, rindo.

Durante todas as quintas, até o final da exposição, o museu realiza conversas com fotógrafos e especialistas em música country. A entrada da mostra é gratuita.


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