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Belas Artes volta digital e com os filmes de sempre

Cinema de rua paulistano reabrirá em julho com patrocínio da Caixa

Local terá projetores mais modernos e outra iluminação; novo Plano Diretor quer criar corredor cultural

GUILHERME GENESTRETI DE SÃO PAULO

Por trás dos cartazes de "não vai ter Copa" que se acumulam na fachada, uma reforma pretende reativar o Cine Belas Artes, um dos endereços de cinema mais tradicionais de São Paulo, fechado desde março de 2011.

"Imagine uma garota que você não vê faz tempo. Quando você a reencontra, ela ainda lê Proust, vê filmes de arte, mas em vez de andar com um caderninho, agora usa um tablet", diz André Sturm, dono do cinema, que espera reabri-lo no começo de julho.

O encerramento das atividades do complexo de seis salas, após o dono do imóvel pedi-lo de volta, gerou mobilização de frequentadores, com abaixo-assinado, campanha no Facebook e até passeata.

O Belas Artes volta repaginado: terá projetores digitais, iluminação em LED, painéis eletrônicos para exibir os pôsteres dos filmes e ligeiras modificações nas salas de cinema. Sturm não quis informar o custo total da reforma.

Volta também rebatizado de Cine Caixa Belas Artes, uma das contrapartidas exigidas pela Caixa Econômica Federal para patrocinar, a um custo de R$ 1,6 milhão anual, as operações do espaço.

A prefeitura intermediou o acordo e vai administrar uma das salas para exibição de filmes brasileiros, tocada pela SP Cine (agência de fomento do audiovisual em São Paulo).

Segundo Sturm, a reinauguração, antes prevista para este mês, atrasou por problemas na instalação do ar-condicionado. O projeto é do escritório Loeb Capote, que também fez a reforma de 2003.

"A ideia é recuperar o cinema sem descaracterizá-lo", diz o arquiteto Roberto Loeb, 73, dono do escritório.

Reabri-lo durante a Copa não tira os holofotes do cinema? "Até me preocupa, mas se não estipular uma data, não reabro nunca", afirma Sturm.

Na programação, diz ele, continua a tradição dos longas mais autorais que fez do Belas Artes o xodó dos cinéfilos dos filmes de arte.

O "Noitão", com maratonas às madrugadas, e o cineclube, voltado a programações temáticas, voltam. Projetores de película 35mm em duas das salas exibirão os filmes clássicos --"aqueles com risquinho que trazem um clima especial", diz Sturm.

Para a reabertura, ele planeja uma mostra com a filmografia de François Truffaut (1932-1984) e, é claro, a exibição de "Medos Privados em Lugares Públicos" (2006), do francês Alain Resnais (1922-2014), filme que ficou em cartaz ali por três anos e meio.

"É para ninguém achar que esteve fechado", brinca.

DA LUZ À PAULISTA

São Paulo tem hoje oito cinemas de rua --fora de shoppings, universidades, centros comerciais ou culturais.

Em dezembro, o ex-jogador de futebol Raí anunciou o projeto de um novo estabelecimento do tipo, em parceria com Adhemar Oliveira, diretor de programação da rede de cinemas Espaço Itaú, mas nenhum dos dois dá detalhes do empreendimento.

Em trâmite na Câmara Municipal, o projeto do novo Plano Diretor pretende dar incentivos fiscais a prédios que abrigarem salas de cinema de rua, num corredor que vai da Luz à avenida Paulista.

Para o vereador Nabil Bonduki (PT), a proposta não privilegia uma área já bem guarnecida de centros culturais.

"A região é bem equipada, mas esses lugares podem sumir. E nada impede que outras partes da cidade tenham seus territórios culturais."


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