Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Crítica - Teatro experimental

Montagem é caso raro de interação de verdade que não constrange a plateia

GUSTAVO FIORATTI CRÍTICO DA FOLHA

Interatividade no teatro não é necessariamente um método cruel para constranger espectadores desavisados.

Há poucos exemplos para provar essa afirmação. Mas este, o espetáculo "Pendente de Voto", do espanhol Roger Bernat, se destaca por criar um sistema que compreende a participação da plateia como seu ponto-chave.

Ao entrar na sala onde será apresentado "Pendente de Voto", todos recebem um controle remoto, que será usado em múltiplas votações, na representação simbólica de um parlamento. Há brechas para decisões reais.

Com a plateia no centro deste sistema, não há sequer necessidade de outros atores em cena. O rumo do barco, até certo ponto, acaba sendo determinado pelas respostas. Cria-se um espetáculo interativo de verdade, em que a experimentação determina o texto, e não o contrário.

Na metade do trabalho, um software reordena a posição dos espectadores, aproximando aqueles que têm perfis semelhantes segundo suas escolhas.

A formação de partidos, então, confirma que a peça busca um olhar crítico sobre sistemas políticos apoiados em valores binários.

Perguntas direcionam respostas, sobretudo se as opções são "sim" e "não", e a peça consegue defender que essa conta supostamente democrática muitas vezes não fecha.

Quando exige que dois participantes votem por meio do mesmo controle, obrigando-os a pensar conjuntamente, o trabalho encerra, preciso, o discurso: a palavra, em sistemas de votação, acaba reduzida à simetria de um botão.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página