Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Análise

Cantor de jazz Jimmy Scott teve público leal e fama tardia

PETER KEEPNEWS DO NEW YORK TIMES'

Jimmy Scott, jazzista cuja dicção melancólica e voz aguda incomum lhe renderam um público leal e, no final da vida, um gosto do genuíno estrelato, morreu na quinta (12), em sua casa em Las Vegas.

Tinha 88 anos. A causa foi ataque cardíaco, segundo sua esposa, Jeanie Scott. Além dela, deixa filho e quatro irmãos.

A carreira terminou em alta, consistente desde o início dos anos 1990, com indicação ao Grammy, críticas entusiasmadas e elogios de colegas famosos como Madonna, que o chamou de "o único cantor que me faz chorar."

Mas as primeiras quatro décadas de jazz alternaram bons e maus momentos, com longos períodos de inatividade e mais altos do que baixos. Depois de certo sucesso nos anos 1950, ele passou a década seguinte quase em branco.

Discos lançados por grandes gravadoras nos anos 1960--um deles com Ray Charles-- poderiam ter alçado sua carreira, mas foram rapidamente retirados do mercado quando outra empresa alegou tê-lo sob contrato.

Pouco se apresentou nos anos 1970 e não gravou discos entre 1975 e 1990. Mesmo com quase toda a carreira em certa obscuridade, sempre teve fãs fiéis --entre eles cantores proeminentes que o citaram como influência, como Marvin Gaye e Nancy Wilson.

O fato de homens e mulheres se considerarem discípulos de Scott não surpreende: por causa de uma doença genética rara chamada síndrome de Kallmann, que fez com que seu corpo parasse de amadurecer antes da puberdade, sua voz não mudou, e ele permaneceu um contralto andrógino por toda a vida.

Com 1,50 m e um rosto sem pelos que combinava com a voz de menino, ele foi inicialmente nomeado de Little Jimmy Scott, e, mesmo já com mais de 20 anos, era apresentado como criança ao público.

Depois dos 30, inesperadamente ganhou 20 centímetros de altura e os médicos lhe disseram que uma operação poderia estimular o desenvolvimento hormonal. Ele foi contra. "Brincar com meus hormônios poderia mudar minha voz, a única coisa com a qual eu podia contar", disse.

DÉCADAS DE INSUCESSO

James Victor Scott nasceu em 17 de Julho de 1925, em Cleveland (Ohio). Mudou-se para Nova York em 1947 e juntou-se à banda de Lionel Hampton no ano seguinte, com quem gravou "Everybody's Somebody's Fool".

A balada chorosa de amor não correspondido foi um sucesso. Mas, creditada simplesmente como "Lionel Hampton, vocal com orquestra", poucos souberam que Scott era o cantor.

Com estilo entre jazz e R&B e uma voz entre masculina e feminina, teve dificuldades em se firmar no mercado.

Frustrado após seguidos imbróglios contratuais, voltou à Cleveland, onde trabalhou como cozinheiro, recepcionista de hotel e auxiliar de enfermagem. "Quando o show não aparece, você continua tendo que pagar o aluguel", disse.

Em 1984, encorajado pela parceira, Scott foi para a costa leste e passou a se apresentar em casas noturnas de Newark e Nova York. Seguiu longe dos holofotes até 1991, quando foi contratado pela Sire Records, empurrado pela apresentação de "Someone to Watch Over Me" no funeral do compositor Doc Pomus, um velho amigo.

Em seu primeiro disco pela Sire, "All the Way", cantou clássicos de amor de Cole Porter e dos irmãos Gershwin, acompanhado de músicos de jazz de primeira linha. Foi sucesso de crítica, indicado ao Grammy e vendeu bem.

Cantou em um dos bailes da posse de Bill Clinton, em 1993, em trilhas sonoras e tornou-se atração popular em shows pelo mundo.

"Gosto que as coisas estejam finalmente acontecendo para mim, mas gostaria que tivessem acontecido antes para que pudesse apreciar melhor a aposentadoria", disse, embora tenha acrescentado que, no ramo de espetáculos, "você normalmente não se aposenta. Se ama isso, estará nisso para sempre." (COLABOROU DANIEL E. SLOTNIK)


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página