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Obra de Villa-Lobos é atualizada em novos estudos e gravações

Série de concertos com as criações do músico carioca também ajudam a reavaliar o seu legado

Artista morto há 55 anos era visto com preconceito no meio acadêmico por causa de seu nacionalismo

SIDNEY MOLINA CRÍTICO DA FOLHA

Heitor Villa-Lobos (1887-1959) está em alta.

Cinquenta e cinco anos após sua morte, a música do compositor carioca começa, enfim, a predominar sobre dificuldades de interpretação e preconceitos acadêmicos --além de se libertar dos traços populistas de sua personalidade.

Villa-Lobos era um fazedor de frases para a imprensa, e sempre buscou sobrevalorizar o autodidatismo; idealizou as viagens que fez pelo Brasil, deixou pistas falsas acerca das influências de contemporâneos e, possivelmente, alterou a datação de algumas obras.

O ufanismo de seu nacionalismo --associado ao governo ditatorial de Getúlio Vargas nas décadas de 1930-40-- gerou resistências da academia, historicamente comprometida com as vanguardas.

Surgiram dois Villa-Lobos: o modernista dos anos 1920, autor dos criativos "Choros", e o acomodado neoclássico das "Bachianas Brasileiras".

Estudos mais recentes, como os do professor de música da USP Paulo de Tarso Salles, mostram o uso de técnicas comuns nas duas séries.

Também o professor e músico José Ivo da Silva chama a atenção para o vigor de sua última e criativa fase.

NOVAS GRAVAÇÕES

Mas o maior passo para a reavaliação de seu legado dá-se na ordem das performances e gravações.

A Osesp, por sua dimensão nacional e internacional, lidera um processo que começou no início do século 21 com as gravações integrais dos "Choros", sob a regência de John Neschling (que recebeu o prêmio Diapason, na França), e das "Bachianas".

Nos últimos anos, já sob a direção artística de Arthur Nestrovski, a orquestra lançou um projeto ousado de revisões das partituras e gravações das (ainda desconhecidas) 11 sinfonias de Villa-Lobos, com regência de Isaac Karabtchevsky e lançamento internacional pelo selo Naxos.

O segundo CD da série, com as sinfonias n.6 e n.7, foi o vencedor do Prêmio da Música Brasileira 2014.

Nesse itinerário, cabe mencionar também a importância internacional das gravações integrais da obra de violão por Fabio Zanon, de piano por Sonia Rubinsky (em oito volumes) e dos 17 quartetos de cordas (em DVD e Blu-ray) pelo Quarteto Radamés Gnattali.

A Osesp também programou, dentro de sua temporada atual, a série "Villa-Lobos em foco", em que são destacadas 15 obras para as mais diversas formações, incluindo orquestra (com ou sem solistas), coro e quarteto de cordas.

Até este sábado (21), a orquestra paulista fará um complexo programa totalmente dedicado a Villa-Lobos; parece coisa óbvia, mas é mais raro do que aparenta.

Há 50 anos, ainda pairavam desconfianças sobre a qualidade da obra de Mahler (1860-1911): sem a insistência de alguns regentes e o lançamento de diversas gravações de qualidade, ele provavelmente não assumiria o papel central que tem hoje no repertório.

A história da recepção da obra de Heitor Villa-Lobos pode ainda estar no meio do caminho. Por sua quantidade e variedade, ela tem pela frente um largo espaço para evoluir.


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