Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Peça mostra altos e baixos na vida de Buster Keaton

Espetáculo nos EUA mistura 'gags' e dramas do comediante do cinema mudo

'Stoneface' explora um dos períodos mais sombrios para o astro, que foi o aparecimento do cinema falado

FERNANDA EZABELLA DE LOS ANGELES

A casa caiu para Buster Keaton. Como no filme mudo que ele protagonizou em 1928, a cena se repete num palco de Los Angeles: uma fachada despenca intacta sobre o comediante desavisado, e ele sobrevive por estar debaixo do buraco da janela.

E não é só fisicamente que a casa cai. Alcoólatra, pai desnaturado e falido, o astro do cinema mudo teve poucos motivos para sorrir com a chegada do cinema falado, um período sombrio bastante explorado em "Stoneface" (rosto de pedra), título da peça e seu apelido, pelas feições sempre estáticas.

Keaton (1895-1966), famoso pela comédia física e pelos truques arriscados, é vivido nos palcos por French Stewart, ator americano mais conhecido pelo papel de alienígena esquisitão da série "3rd Rock from the Sun".

O novo trabalho rendeu tantos elogios da crítica que neste ano deixou o pequeno teatro de 99 lugares em Hollywood para outro com 700 cadeiras em Pasadena (The Pasadena Playhouse, em cartaz até dia 29).

Quatro anos atrás, Stewart ganhou a peça de presente de aniversário da sua então namorada e hoje mulher, a dramaturga Vanessa Claire Stewart, vencedora do prêmio de melhor peça do ano pelo semanário "L.A. Weekly".

"French sempre foi muito fã de Keaton e queria escrever algo para ele", contou a autora à Folha.

"Ao pesquisar, fiquei surpresa: como um homem tão engraçado teve uma vida tão triste. Keaton estava à frente de seu tempo, só foi ser apreciado muito tarde na vida."

"Stoneface" mistura drama da vida real com "gags" populares de Keaton, como aquela da mesa de jantar cheia de aparatos mecânicos de "O Espantalho" (1920).

Os números musicais seguem como no cinema mudo, ainda que em cores, com uma tela para as legendas e um pianista ao vivo.

Mas Keaton fala e até xinga com vontade quando o tema é Louis B. Mayer, chefão da MGM que o coloca sob contrato do estúdio e obriga a fazer filmes falados horrorosos.

Ele também aparece ao lado de seu parceiro e mentor, Roscoe "Fatty" Arbuckle, e de sua primeira mulher, Natalie Talmadge, que o deixa por não aguentar as bebedeiras (ela tira o sobrenome Keaton dos dois filhos do casal para que não passem vergonha).

O final conta com participação de Charlie Chaplin, seu rival cujas festas de arromba ele fazia questão de não ir. Chaplin surge para salvá-lo do esquecimento ao convidá-lo para participar de "Luzes da Ribalta" (1952). O filme marca seu retorno a Hollywood e reviravolta na vida: casa de novo, para de beber e se reconcilia com os filhos.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página