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Cinema sem filme

Salas de exibição em São Paulo e outras cidades oferecem transmissões ao vivo de jogos da Copa do Mundo

GUILHERME GENESTRETI DE SÃO PAULO

O jogador Luiz Gustavo avança pela esquerda e cruza para Neymar. Aos 16 minutos do primeiro tempo do jogo do Brasil contra Camarões, o público se remexe nas poltronas. O atacante empurra a bola no canto esquerdo. O grito de gol preenche a sala... De cinema.

No mês da Copa, o circuito de cinema em algumas das principais cidades do país está reservando espaço na sua programação para exibir ao vivo os jogos do Mundial.

A tendência é nova: este é o primeiro ano em que a maioria dos cinemas brasileiros obtêm da Fifa os direitos de transmitir os jogos da Copa. Mas há pelo menos quatro anos esses espaços já exibem balé, ópera e seriados de TV.

"A gente sempre gostou de agito. Mas em barzinho pode ter briga, as crianças podem sumir. Aqui é seguro", disse a empresária Liliane Leite, 43, que levou os dois filhos pequenos e uma amiga para ver o jogo contra Camarões no Cinemark no Shopping Market Place (região sul de São Paulo).

Com público de cerca de 150 pessoas na última segunda-feira (23), ou 62% da sala, o espaço cobrou R$ 40 pelo ingresso para ver o jogo, o dobro do que cobra para filmes.

"Dá a impressão de que você está bem perto do gramado", diz o consultor de informática Luiz Engel, 52, que foi sozinho ver o jogo no cinema. "Mas tem muita criança aqui. Tenho que ficar me policiando para não extravasar muito, não gritar nenhum palavrão", afirmou, com um balde de pipoca nos braços.

Camiseta da seleção sobre a camisa social, o engenheiro Eduardo Viegas, 33, foi "pelo tamanho da tela". "E também para fugir do trânsito", disse.

Os gerentes José Carlos de Oliveira, 20, e Lucas dos Anjos, 18, reclamaram do preço. "É muito caro, mas vale pela imagem", disse o primeiro.

No Cinemark, que está exibindo 17 jogos da Copa em 36 salas espalhadas pelo Brasil, o pontapé inicial veio de fora. "A exibição de basquete e luta tinha dado bom resultado nos outros países", diz Bettina Boklis, diretora de marketing daquela rede de cinemas.

O circuito, que mostra os jogos com sinal da Globo, não informa o valor pago à Fifa para ter o direito de exibição.

Ali, a taxa de ocupação depoltronas nas salas gira em 70%, segundo Bettina.

"A Copa era um sonho antigo, mas conseguimos a permissão da Fifa só muito em cima da hora, o que prejudicou a divulgação", afirma.

O Cinemark também tem contrato exclusivo para passar, a partir do dia 28, o fim da temporada de balé da Royal Opera House, de Londres.

PIPOCA E CERVEJA

Na rede Kinoplex, que está exibindo alguns dos jogos em 19 cinemas, a moda começou em 2012, com ópera e balé, depois migrou para shows do U2 e jogos do campeonato europeu de futebol. O circuito exibe atrações alternativas pelo menos uma vez por mês.

"Se o foco do país está na Copa, nós tínhamos que estar também", diz Patrícia Cotta, gerente de marketing do Kinoplex. A ocupação ali beira 40%. "Mas deve bater os 80% nas oitavas", torce.

Em dia de jogo, a procura por pipoca é a mesma que nos dias normais, mas aumenta a busca por bebidas alcoólicas na bombonnière. "Cerveja combina mais com futebol", afirma a gerente.

Pipoca não entra na Reserva Cultural, espaço tradicional dos filmes de arte na avenida Paulista, que está exibindo jogos da Copa pela segunda vez. "A gente aconselha a não entrar com comida", diz Jean-Thomas Bernardini, dono do espaço.

"Como somos voltados a filmes independentes, o público é limitado. A Copa é uma chance para diversificar."

Segundo Bernardini, contudo, o evento não atraiu outro tipo de frequentador já que, na Reserva, o ingresso para o jogo dá direito a assistir a um filme no mesmo dia.

O Espaço Itaú já transmitiu balé e ópera, mas optou por não mostrar os jogos. "As opções de pacote da Fifa chegaram em cima da hora. E achamos que por a Copa ser no Brasil, a festa será maior fora dos cinemas", diz Adhemar Oliveira, diretor de programação.

Segundo ele, exibir programação alternativa nos cinemas é uma tendência que irá crescer com a digitalização das salas, ainda em andamento.

"O cinema nasceu como uma casa de espetáculos que exibia filmes e outras atrações. A tecnologia vai possibilitar o retorno a isso."


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