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Mostra reúne obras 'ultrapassadas' em NY

Exposição na galeria Broadway 1602 apresenta trabalhos de dez artistas de três gerações, incluindo cinco brasileiras

Peças de cinco países são ligadas pela influência construtivista e a reflexão sobre o tempo

ISABEL FLECK DE NOVA YORK

Quando entrou pela primeira vez em contato com a palavra "ultrapassado", a alemã Anke Kempes, proprietária da galeria Broadway 1602, em Nova York, ficou fascinada com seus vários significados em português.

"Gosto muito dessa ambiguidade, dos vários sentidos: transitar, superar, deixar para trás", diz Kempes, repetindo, com prazer, a palavra.

O termo foi apresentado a ela pela artista brasileira Lenora de Barros, que, em 2006, fizera uma exposição em São Paulo em que todos os seus trabalhos traziam uma reflexão sobre o tempo.

A palavra também foi escolhida para dar nome, oito anos depois, a uma exposição na galeria nova-iorquina, que reúne trabalhos de dez mulheres de três gerações diferentes e cinco países, todas ligadas pela influência construtivista.

"Estava interessada em ver a contribuição das mulheres para a vanguarda da abstração geométrica, porque nesse tipo de produção os homens sempre tiveram mais espaço e atenção", diz Kempes.

Dos nomes reunidos pela galerista, estão cinco brasileiras: Lenora de Barros, Lygia Pape, Martha Araújo, Lydia Okumura e Paloma Bosquê.

Na segunda parte da mostra --a primeira foi de maio a junho--, que segue até 30 de agosto, as obras de Barros, Okumura e Bosquê preenchem praticamente toda a galeria no centro de Manhattan.

Barros, considerada por Kempes a "conexão intelectual" entre as artistas convidadas, criou para a mostra duas novas versões da cadeira de madeira e fórmica presente em suas obras desde 2000. Desta vez, elas foram batizadas com o nome das fases da exposição: "Ultrapassado-I" e "Ultrapassado-II".

"Assim como em 2000, a cadeira tem espelhos retrovisores, só que, naquele momento, eles refletiam imagens de vídeo que estavam atrás dela", lembra a artista.

Agora, a cadeira com retrovisores e dois lugares, um de costas para o outro, foi concebida como uma "namoradeira às avessas". "Duas pessoas sentadas jamais conseguem se ver. É um encontro que está sempre impossibilitado", observa ela.

ORGÂNICO E ABSTRATO

A paulistana Paloma Bosquê, a "caçula" do grupo, com 31 anos, conquistou Kempes pela mistura entre materiais orgânicos e elementos geométricos e abstratos. Ela ganhou uma sala própria na segunda fase da exposição.

Entre os três trabalhos expostos, o destaque é a instalação "Ruído", em que cria uma tensão entre força e fragilidade ao conectar duas placas de ferro por meio de delicados e dourados fios de resina natural.

"É um contraste de uma coisa bruta, como o ferro, com fios extremamente finos e quebráveis, numa conexão que só se dá uma vez", afirma Bosquê, que debuta em NY com a participação na mostra.

Já Okumura, que vive e trabalha na cidade desde a década de 1970, estará representada por uma reedição de um trabalho feito em 1976. Placas quadradas de papel, de tamanho decrescente, são dispostas em fileira.

Na Broadway 1602, o trabalho "Diferentes Dimensões da Realidade" tem nove placas de alumínio, que vão, em escala, de 30 cm a 1,1 m de altura. "Todos esses trabalhos trazem uma ligação pela geometria", diz a artista.


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