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Crítica novela

Trama confusa de 'Em Família' chega ao final sem deixar nenhuma saudade

A Globo não parece ter um ás na manga ou uma fórmula que retome a atenção do público

RICARDO FELTRIN COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Terminou melancólica a novela "Em Família". Último trabalho de fôlego do autor Manoel Carlos, que pretende se afastar das novelas, a trama não deixará saudade.

Nenhum personagem cativante. Nenhuma reviravolta do destino. Nenhum vilão que faça jus ao nome e seja lembrado. E o mais baixo ibope de todas as novelas nessa faixa horária --a mais valiosa comercialmente. Exibido na sexta (18), último capítulo teve 35 pontos de audiência, segundo prévia do Ibope.

A novela começou confusa, um tanto torta. Como toda novela de "fases", em que os personagens principais crescem, envelhecem e, principalmente, evoluem, "Em Família" empacou logo de saída. Foi arriscado colocar jovens e inexperientes atores em papéis fundamentais, como Bruna Marquezine.

Não é fácil fazer uma novela que pretende abordar épocas diferentes. Há que se encontrar atores e atrizes de diferentes idades que deem uma certa corroboração ao que o autor pretende. Não foi o caso. Os jovens Helena, Laerte, e Virgílio apresentaram pouca verossimilhança com seus "eus" futuros.

Mas esse nem é o maior dos problemas. A novela já começou mal, espicaçada por baixos níveis de audiência na primeira fase, o que fez com que a Globo a encurtasse.

Também houve problemas pessoais no elenco. Capítulos atrasaram. O pouco simpático (porém excelente ator) Gabriel Braga Nunes teria se indisposto com colegas, e chegou-se a cogitar limitar (ou matar) o personagem central da trama graças à sua antipatia. Não seria a primeira vez que a Globo faria isso.

Manoel Carlos não aceita o epíteto de ter o pior ibope de todos os tempos em uma trama das 21h. Maneco, como gosta de ser chamado, também não aceita que tenha oferecido uma trama confusa e com diálogos demais. Para o autor, esse é o problema: no passado as novelas tinham verborragia a granel, os telespectadores ficavam presos por meses observando e discutindo nuances e matizes de cada personagem. Era empolgante. Não é mais.

O mais curioso é que a Globo não parece ter um ás na manga ou uma fórmula que retome a atenção do público. Após quase cinco décadas de dramaturgia, de personagens fascinantes e caricatos, de histórias mirabolantes e vilões ao mesmo tempo apaixonantes e odiosos, parece não restar muito para se inventar e prender a atenção do telespectador noveleiro.

Os grandes astros estão desaparecendo, os bons papéis, escasseando. Os autores cada vez mais se copiam.

Para uma emissora que já foi cantada em prosa e verso como o suprassumo das novelas, a Globo está devendo uma história que fixe a família diante da TV.

EM FAMÍLIA
AVALIAÇÃO regular


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