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Crítica - Teatro

Musicais em cartaz envolvem com bons instrumentistas em cena e atores cantores

NELSON DE SÁ DE SÃO PAULO

"Pour Elise", com seu humor leve sobre temas pesados, remete imediatamente à dramaturgia já conhecida de Flavio de Souza, de "Fica Comigo esta Noite", hoje menos presente no teatro paulistano.

No caso, perto da morte, o pianista Sbig relembra o amor de sua vida. Começa na Polônia, às vésperas da Segunda Guerra e no princípio da perseguição nazista aos judeus, e avança para o Brasil e a morte da amada.

Com canções derivadas de clássicos eruditos e letras que remetem à narrativa vaga de um amor por Elise, é quase uma brincadeira. Mas bem executada pelos instrumentistas em cena e pelo elenco.

O protagonista se divide em dois: um velho narrador feito com humor e desenvoltura por Lui Strassburger e um jovem vivido pelo múltiplo Claudio Goldman, que não só canta, mas toca piano, clarinete, flauta e responde pelas canções ao lado de Souza.

A peça corre em torno da inspiração amorosa de Elise, representada com ironia e sensualidade e cantada com inusitada proficiência lírica por Gabriela Alves Toulier.

Em vez do realismo corrente nos musicais no Brasil, Souza ergue uma trama que é como um sonho, com personagens que se dissolvem em referências como o filme "Casablanca", permitindo que as canções embalem a peça, não sua história.

O resultado é envolvente e explica a plateia lotada numa quarta-feira. Mas tem os seus problemas, como a cenografia quase improvisada, com telão ao fundo cobrindo o cenário de outra peça e servindo para algumas projeções ilustrativas.

APURO

"Miranda por Miranda", outro musical para teatros de tamanho médio, com instrumentistas no palco e focado na destreza vocal dos atores, contrasta pela produção mais apurada, que se reflete nos vídeos também projetados em telão.

Reúne profissionais estabelecidos do gênero, como o diretor musical Tim Rescala e sobretudo a protagonista Stella Miranda, de espetáculos como a lendária "Ópera do Malandro" de 1979 e "A Madrinha Embriagada", que saiu de cartaz em junho.

Além das belas projeções dos "cenários virtuais" de Samir Abujamra, a qualidade da produção se reflete na cenografia simples de uma plataforma para a estrela do rádio e de Hollywood Carmen Miranda, idealizada por Hélio Eichbauer.

Uma estrela musical na melhor tradição do gênero, Stella Miranda tem presença cênica, mordacidade e timbre de voz com boa extensão e beleza. No espetáculo, revive o papel com que amontoou prêmios em 2001, em "South American Way".

É sustentada por um "Bando da Lua" impecável, com atores-cantores como Rogério Guedes.

O senão é que, mais uma vez, trata-se do tributo a um ídolo, com narrativa frouxa impedindo que se tenha, de fato, um musical. É quase um show.


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