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Festival em SP exibe 114 filmes latinos

Produções de 16 países são apresentadas em 12 endereços até dia 30, incluindo centros culturais na periferia

Programação inclui desde trabalhos independentes premiados até obras de diretores estreantes

SYLVIA COLOMBO DE SÃO PAULO

No último fim de semana, 2.000 pessoas lotaram uma sala de cinema em Buenos Aires. As filas e a lotação inédita do Bama Cine Arte eram para ver o fenômeno paraguaio "7 Caixas", já exibido também com sucesso aqui.

Pela primeira vez na história do cinema mexicano, um filme nacional foi visto por 15 milhões: a comédia "Não Aceitamos Devoluções".

A Argentina, maior produtor do continente, superou sua marca de filmes realizados por ano: 166 em 2013, 21 a mais do que em 2012.

Se nos EUA o setor está estável e na Europa, em queda, na América Latina o cenário é de aumento no número de entradas vendidas e no faturamento, segundo o Observatório Audiovisual Europeu.

No ranking de bilheterias, pela primeira vez filmes nacionais latino-americanos surgem para disputar com blockbusters estrangeiros.

O país que capitaneia este bom momento é o México. Além de leis de incentivo, apostou na redução do preço da entrada (em média US$ 3,49, contra US$ 5,45 do Brasil) e na expansão do parque de salas, que cresceu 3,5%, chegando à média de 21,3 mil salas por habitante (no Brasil, é de 74,6 mil por habitante). Os demais países seguem a tendência, ainda que em menor proporção.

Trata-se de um movimento do mercado para alcançar as novas classes médias, fenômeno social da última década em vários países latinos.

Daí surgem as escolhas das tramas, geralmente comédias românticas ou aventuras, como o brasileiro "Minha Mãe É uma Peça", de André Pellenz, visto por 4,6 milhões, ou o argentino "Coração de Leão", com o astro televisivo Guillermo Francella, que levou 1,7 milhão ao cinema.

Apoiado nesses números, o Festival de Cinema Latino-americano chega à nona edição a partir desta quinta (24), em São Paulo, apostando numa programação vigorosa. São 114 filmes de 16 países. Há desde destaques dos festivais a produções estreantes de locais sem tradição cinematográfica, como Costa Rica e República Dominicana.

"Hoje há produção em quase todos os países da região, e os que surgiam apenas eventualmente em festivais agora aparecem como destaques, como Colômbia e Chile", diz o diretor do festival, Francisco Cesar Filho.

Entre os principais filmes da seleção estão o colombiano "Terra Sobre a Língua" (Rubén Mendoza), o chileno "Matar a um Homem" (Alejandro Fernández Almendras) e os argentinos "Réimon" (Rodrigo Moreno) e "Refugiado" (Diego Lerman).

Nem tudo é para se comemorar, porém. Para a produtora argentina Lita Stantic, a distribuição de filmes de arte ou independentes é muito deficitária se comparada com a década anterior.

"Antes era mais fácil ver produções europeias em Buenos Aires, nossos filmes de autor enchiam salas. Hoje o cinema que quer ser competitivo deve seguir fórmula de blockbusters estrangeiros, porque os megalançamentos tomam muitas salas."

Stantic, que lançou os primeiros filmes de Lucrecia Martel, Adrián Caetano e Pablo Trapero, na década de 2000, crê que o fenômeno não ocorreria hoje.

"A internet e as deficiências do sistema educativo fizeram com que o público mudasse. É difícil prender a atenção se não for com uma trama mais apelativa e comercial. As novas gerações estão crescendo assim", comenta.

Integrante do júri, Stantic celebra as coproduções. "Com a perda dos parceiros europeus, surgem alianças entre os latino-americanos, isso é muito positivo."


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