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A identidade secreta do Lepo Lepo

Márcio Victor, cantor do grudento hit da Copa e líder da banda Psirico, mostra no festival PercPan, em Salvador, seu trabalho como percussionista reconhecido pelos grandes da MPB

GIULIANA DE TOLEDO DE SÃO PAULO

Quem não esteve em Marte nos últimos meses conhece. Sim, pode até ter torcido o nariz, mas não ficou imune ao hit "Lepo Lepo", aquele dos versos maliciosos sobre o sujeito pé-rapado que só conta com seus atributos físicos para conquistar as mulheres que deseja.

Sucesso no último Carnaval, a música do grupo baiano Psirico ganhou ainda mais destaque na Copa. Incluída no álbum oficial da Fifa, foi adotada especialmente pelos jogadores da seleção alemã.

Os campeões Schweinsteiger e Neuer até se deixaram filmar aprendendo a coreografia que simula o ato sexual, o tal do "lepo lepo" de que o refrão fala.

Hoje conhecido por estar à frente da banda, o cantor Márcio Victor, 33, no entanto, é lembrado no meio musical baiano já de outros carnavais, como percussionista.

Instrumentista desde os 9 anos, aos 11 foi descoberto por Carlinhos Brown e levado para tocar na Timbalada. "Eu subia num caixote para alcançar os instrumentos. Com 13, regia mais de 200 músicos da Timbalada", lembra.

Depois, tocou por mais de uma década na banda de Caetano Veloso e por oito anos na de Daniela Mercury. Também trabalhou com Ivete Sangalo, Marisa Monte, Gilberto Gil e João Bosco, entre outros.

Como cantor, lançou-se em 2004, assumindo o posto no Psirico, que fundou em 1997 e que tinha outros vocalistas.

"Ele é um gênio, um virtuoso", diz Letieres Leite, maestro da Orkestra Rumpilezz. Um dos curadores do PercPan (Panorama Percussivo Mundial) deste ano, Letieres fez questão de convidar Márcio para evidenciar o seu lado B.

O festival, que vai desta sexta (25) até domingo (27) em Salvador, com shows gratuitos no Pelourinho, terá Márcio Victor tocando timbal e cantando sambas de roda com o Samba Chula de São Braz, grupo tradicional do Recôncavo Baiano.

Na apresentação, no domingo à noite (veja ao lado a programação), nada de "Lepo Lepo". "Não quero misturar as coisas. Ali será só o Márcio Victor da percussão", diz o próprio, que deve cantar sambas de raiz como "Marinheiro Só".

'COMPLEXIDADE'

Para Letieres Leite, o domínio de Márcio Victor na percussão pode ser notado em hits do Psirico como "Mulher Brasileira (Toda Boa)", de 2008, escrita pelo vocalista com J. Teles e Pepe.

"As estruturas rítmicas são de tamanha complexidade que mereceriam estudo acadêmico", avalia. "Você ouve várias camadas na música, com andamentos diferentes tocados simultaneamente."

Para o maestro, porém, o "Lepo Lepo", de Filipe Escandurras e Magno Santana, não tem igual qualidade. "Com sinceridade, não cumpre a genialidade de Márcio Victor na questão percussiva, porque está baseado no ritmo do arrocha. É excelente para dançar, mas cumpre mais a exigência do mercado", diz.

Gilberto Gil, em entrevista à Folha em março, também destacou Márcio em detrimento do seu maior sucesso. "Márcio Victor é 50 vezes maior que o Lepo Lepo'."

Márcio defende o ritmo, que chama de arrochaneja (mistura de arrocha com sertaneja, pagode e axé).

"Musicalmente, a gente não deixa a desejar, e a letra é a realidade de muitos brasileiros. É o que o povo quer ouvir. O povo gosta de música alegre", diz Márcio.

No próximo mês, ele irá aos EUA gravar o clipe de uma versão de "Lepo Lepo" com o rapper americano Pitbull. Por aqui, na esteira do sucesso, lançará "Xenhenhem", sua nova candidata a hit. "Fala de balada, da turma que curte a vida", diz, sem detalhar.

PERCPAN

O festival, maior evento de percussão do país, volta a ser realizado em Salvador neste ano, após quatro edições feitas em outras cidades.

Nesta 20ª edição, além da parceria de Márcio Victor com o Samba Chula de São Braz, destaca-se o show solo do rapper Mano Brown.

A curadoria, além de Letieres Leite, é feita pelo produtor Alê Siqueira, pelo músico e professor de literatura José Miguel Wisnik e pelo crítico musical Hagamenon Brito.


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