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Crítica Romance

Épico de jovem autora inventa mistérios, mas não os resolve

Falta uma trama em 'Os Luminares', da premiada neozelandesa Eleanor Catton

A história se desdobra em acontecimentos e personagens como folhetim do século 19, época em que é ambientada

SANTIAGO NAZARIAN ESPECIAL PARA A FOLHA

"Improvável" é um eufemismo para um romance de quase 900 páginas escrito por uma jovem autora quase estreante que arrebata um dos prêmios literários mais importantes do mundo e, consequentemente, chega a países improváveis, como o Brasil.

"Os Luminares" é o segundo romance da neozelandesa Eleanor Catton, autora mais jovem a ganhar o Man Booker Prize, em 2013, aos 28.

Ela já havia sido finalista do prêmio Orange por seu livro de estreia ("O Ensaio", 2012, Record), o que lhe deu munição e confiança para escrever este épico e lhe garantiu ser publicada e lida.

Apesar de estar longe de ter texto difícil, sua extensão intimida e é impossível identificar a trama do livro.

A história se desdobra em acontecimentos e personagens como um folhetim.

Doze homens se encontram num hotel na Nova Zelândia para discutir questões que instigam a região na época da corrida do ouro, segunda metade do século 19.

Um forasteiro saído da Inglaterra adentra o recinto e é recebido com desconfiança, compartilhando aos poucos sua biografia e se inteirando das questões discutidas --um bêbado é encontrado morto em sua cabana, que esconde uma pequena fortuna; uma prostituta tem uma overdose e acorda numa cela com um vestido recheado de ouro; um prospector desaparece abandonando suas posses.

É um pano de fundo clássico, e ótimo pano de fundo, mas é só o começo (embora tome quase 400 páginas).

Esses mistérios vão se desdobrando e se interligando e o romance avança trazendo muitos outros: um traficante chinês empenhado numa vingança; um contrato de doação achado sem assinatura; uma sessão espírita comandada por uma trambiqueira.

Como em qualquer folhetim, parece ser mais importante criar do que solucionar mistérios. Catton escreve com humor e leveza, empresta sátira ao tom folhetinesco, em certos momentos, o que impede o tomo de ser maçante e se revela excelente pastiche.

Mas não deixa de ser um pastiche, e não soluciona os principais enigmas: o que este livro traz de novo? Por que ler isso no lugar de Dickens? Para quem foi escrito isso? E, principalmente: quem desbravará "Os Luminares" num país como o Brasil?

OS LUMINARES
AUTORA Eleanor Catton
TRADUÇÃO Fábio Bonillo
EDITORA Biblioteca Azul
QUANTO R$ 69,90 (888 págs.)
AVALIAÇÃO regular


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