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Público de teatro diminui e sessões encolhem

Para produtores, trânsito, violência e concorrência com outras mídias ajudam a afastar o espectador das salas

Peças montadas com lei de incentivo não estendem temporada porque só a bilheteria não cobre os custos

DE SÃO PAULO

Para produtores de teatro, a principal causa do encurtamento de temporadas de espetáculos, que hoje costumam ficar menos de dois meses em cartaz, é a diminuição do público.

Paulo Pélico, vice-presidente da APTI (Associação dos Produtores de Teatro Independentes), diz que a combinação de trânsito caótico com violência urbana e crescimento de mídias como a TV a cabo afasta o público das salas de teatro.

"A pessoa não vai sair do trabalho às 18h, ir para casa e depois ir ao teatro, onde tem que buscar um lugar para estacionar, com a tentação de ver um DVD ou TV a cabo. É uma equação complicadíssima", diz.

O ator Odilon Wagner, presidente da APTI, diz que essa queda de interesse impossibilita a realização de oito sessões semanais, como acontecia no passado. Com sessões às sextas e sábados, as peças não se sustentam, acrescenta.

Segundo ele, quando eram realizadas mais apresentações semanais, os espetáculos conseguiam se manter por mais tempo. Hoje, os custos para levantar uma peça são maiores e o valor dos ingressos não subiu proporcionalmente. Quando acaba o dinheiro dos patrocinadores, é difícil permanecer em cena.

Wagner afirma que na Broadway, em Nova York, as peças se sustentam durante anos porque o preço dos ingressos é muito mais alto.

"Lá uma entrada está na faixa dos US$ 150, sem meia. O nosso ingresso custa, em média, R$ 70 e 80% da sala paga meia-entrada. A bilheteria não paga a folha de pagamento."

O ator frisa que as leis de incentivo impõem ao produtor que venda ingressos a preços populares. "Eles te dão incentivo, mas te obrigam a cobrar bem baratinho. Te dão o dinheiro, mas tiram de outro jeito", afirma.

"E o público acha teatro muito caro. Não se incomoda em pagar R$ 300 por um tênis, mas um ingresso a R$ 80 é uma chiadeira."

Segundo Eduardo Figueiredo, diretor e produtor teatral e cocurador do teatro J. Safra, aberto neste mês em São Paulo, os produtores têm medo de ficar em cartaz quando acaba o dinheiro obtido com leis de incentivo.

"Acho que os produtores devem usar o dinheiro do patrocínio para pagar a equipe durante os ensaios, fazer cenário, figurino, levantar a peça. Depois que ela está em cartaz, a produção deve se manter com recursos próprios, de bilheteria", afirma.

"Entendo que é difícil, mas se você tem um espetáculo pronto, os riscos são menores. O produtor tem que peitar para seguir em frente."

Figueiredo aponta que o Teatro J. Safra investirá em curtas temporadas até o fim deste ano para se tornar conhecido por um público de interesses variados. Ele diz que, em 2015, o teatro receberá espetáculos por períodos maiores.


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