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'Público pede contato com autor', diz criadora do evento

DA ENVIADA A PARATY

Numa tarde chuvosa, a editora britânica Liz Calder, 76, olha pela janela, enquanto espera a temperatura ideal para tomar o seu chá. A paisagem lá fora, porém, não é a de sua Londres natal, mas a de Paraty que ela adotou com o coração.

Para a idealizadora da Flip, acompanhar as mudanças na cidade traz um misto de alegria e tristeza. Nos anos 1960, quando viveu em São Paulo, atuando como jornalista e modelo, alimentou-se do imaginário que havia sobre Paraty como um refúgio de artistas e intelectuais.

"Tratava-se de um lugar de sonho, pois era muito difícil chegar até aqui, o acesso era apenas por barco e por trilhas", conta. Só depois da inauguração da estrada Rio-Santos, nos anos 1970, Calder começou a vir para o local, onde compraria uma casa e viveria parte do ano.

"Começaram a chegar os turistas, e a cidade foi florescendo por um lado, mas empobrecendo com o aumento da população sem infraestrutura suficiente. Mas segue sendo um lugar muito mágico."

Conhecida por ter descoberto e lançado a série best-seller "Harry Potter", de J.K. Rowling, e apadrinhado a carreira de outros escritores britânicos de renome, como Salman Rushdie e Julian Barnes, Calder crê que se vive hoje uma nova era com o aumento dos e-books, diferente dos tempos em que atuou nas editoras Bloomsbury e Jonathan Cape.

"Não dá para saber para onde isso aponta, certamente para um novo modelo editorial. O que, sim, creio que segue em alta é a importância dos festivais, que vêm crescendo desde os anos 80."

Calder imaginou a Flip nos moldes do festival galês Hay-on-Wye, com encontros mais íntimos de público com escritores, e menos o caráter de feira para comercialização de livros. "Isso procriou, no Brasil e em outros países, o público cada vez mais pede esse contato direto."

Hoje, Calder organiza também a versão britânica da Flip, que ocorre na Inglaterra. O festival, que se chama Flipside, acontece de 3 a 5 de outubro, e receberá o irlandês Colm Tóibín, Ana Maria Machado, Diogo Mainardi, Margaret Atwood e Daniel Galera, entre outros.

CACHAÇA E FEIJOADA

Conhecida por defender o espaço das escritoras mulheres quando era editora, Calder impulsou as carreiras de Anita Brookner, Margaret Atwood e Ahdaf Soueif. À Inglaterra, a editora levou Machado de Assis, Chico Buarque, Patricia Melo e Milton Hatoum.

Entre as coisas que Calder gosta de fazer em Paraty estão nadar no mar, cozinhar feijoada e apreciar as cachaças da região. Apesar de já não ter mais casa na cidade, ainda a visita por longas temporadas.

Na edição deste ano, Calder quer ver o paquistanês Mohsin Hamid, a britânica Jhumpa Lahiri e a fotógrafa brasileira Claudia Andujar, de quem foi amiga nos anos 1960.


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