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Quem vai para o trono

Acordos internos fazem ABL ter sucessão tripla sem polêmica; Ferreira Gullar, Evaldo Cabral de Mello e Zuenir Ventura devem ser os escolhidos como imortais

LUIZA FRANCO DO RIO

A disputa pelas cadeiras vazias na ABL (Academia Brasileira de Letras) não deve causar dor de cabeça aos candidatos à "imortalidade".

Acadêmicos ouvidos pela reportagem dão como certo que as vagas serão ocupadas pelo poeta e colunista da Folha Ferreira Gullar, pelo historiador Evaldo Cabral de Mello e pelo jornalista e escritor Zuenir Ventura.

Os três já se candidataram aos lugares deixados em aberto após a morte dos escritores Ivan Junqueira (3/7), João Ubaldo Ribeiro (18/7) e Ariano Suassuna (23/7).

Gullar vem recebendo convites para se candidatar há mais de 20 anos, portanto seu lugar na vaga do também poeta Ivan Junqueira é considerado como bem guardado.

Mas uma discreta dança das cadeiras marcou a candidatura às outras duas.

Ventura, que havia se candidatado à sucessão de Ubaldo no último dia 24, trocou para a vaga de Suassuna para evitar competir com o historiador Evaldo Cabral de Mello, irmão do poeta e acadêmico João Cabral de Melo Neto (1920-1999).

"Um acordo de cavalheiros", foi como o imortal Cícero Sandroni descreveu a manobra dos acadêmicos.

O mérito de Cabral de Mello era inegável a todos. Historiador importante, foi organizador inclusive de um livro sobre um dos fundadores da casa, Joaquim Nabuco. Mas Ventura é visto com admiração pelos colegas.

SUCESSÕES POLÊMICAS

A tripla sucessão deste ano se desenha tranquila, mas a Academia já viu eleições polêmicas, como a de Roberto Campos (1917-2001), em 1999.

Ministro na ditadura, Campos concorreu à vaga do comunista Dias Gomes (1922-1999), provocando revolta na viúva do escritor. Mesmo com a polêmica, foi eleito.

A sucessão do economista causaria nova controvérsia --a vaga foi preenchida por Paulo Coelho, em 2002.

Para alguns, a obra do autor de best-sellers não era considerada digna, mas seus defensores argumentavam que a notoriedade do escritor justificava sua presença e atrairia atenção para a ABL.

Também não foi fácil explicar a entrada do cirurgião plástico Ivo Pitanguy.

SIMPATIA

Para ocupar uma cadeira na academia, é preciso, além de ser brasileiro e ter publicado ao menos um livro, ter muitas qualidades, mas a de que os acadêmicos não abrem mão é a simpatia.

"Elegemos por mérito, mas temos uma inclinação por aqueles que não são chatos", diz o imortal Alberto da Costa e Silva. Ele acrescenta que é uma "seleção natural".

Por divertida coincidência, uma das revistas literárias onde surgiu a ideia para a ABL chamava-se "Panelinha".


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