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'Hilda Furacão' vive sozinha em asilo público argentino

Aos 83, mulher que inspirou história adaptada para minissérie da Globo mora em abrigo de Buenos Aires

Pobre na vida real, pernambucana foi casada com jogador de futebol brasileiro que jogou no Boca Juniors

FELIPE GUTIERREZ DE BUENOS AIRES

Hilda Furacão ficou conhecida depois de uma minissérie de 1998 da Globo: era uma jovem da elite mineira que se transformou na prostituta mais famosa de Belo Horizonte. Hilda Valentim, 83, que serviu de inspiração para a personagem, hoje mora em um asilo público em Buenos Aires, sem família ou amigos.

Na série, Hilda foi interpretada por Ana Paula Arósio, em seu primeiro papel de protagonista. A história foi adaptada de um romance do jornalista Roberto Drummond (1933-2002). Parte do livro se passa em um clube de ricos de Belo Horizonte, onde a personagem seduz os jovens promissores da sociedade.

Mais tarde, ela vira uma profissional do sexo, o que escandaliza a cidade.

Na vida real, Hilda Furacão era pobre. Migrou com a família do Recife quando ainda era criança. Depois de ficar conhecida em Belo Horizonte, casou-se com um jogador de futebol e sumiu.

Quem a encontrou foi a assistente social capixaba Marisa Barcellos, que vive na Argentina há mais de 20 anos e atende os idosos do asilo Guillermo Rawson. Em maio, soube que havia chegado uma brasileira, vinda de um hospital. A idosa não tinha lugar para morar e foi encaminhada para o local.

Barcellos conta que foi militante de direitos humanos durante anos e especializou-se em pesquisar a vida de pessoas que tinham dúvida a respeito da própria identidade.

Ela começou a procurar os documentos de Hilda e descobriu que se tratava da viúva do ex-jogador brasileiro Paulo Valentim, que foi jogar no time argentino Boca Juniors no começo dos anos 1960.

"Comecei a pesquisar no Google, peguei informações do hospital, fui ver os arquivos do Boca Juniors, escrevi para pessoas de Minas Gerais e cheguei à conclusão de que ela era a Hilda Furacão", conta Barcellos. Ela confirmou a identidade com parentes de Roberto Drummond.

Hilda Furacão foi levada à Argentina pelo marido, que ainda jogou em um clube do México. Depois de aposentado, foi contratado como técnico de categorias de base do Boca Juniors.

Aos 83, Hilda Valentim se confunde com dados --diz que o marido morreu há cinco meses, mas ele está morto desde 1984. Segundo Barcellos, um filho de Furacão morreu há cerca de um ano.

Valentim afirma não gostar de ser chamada de Furacão, mas confirma que era o seu apelido, ganho por ser muito briguenta.

Quando perguntada sobre a série adaptada pela TV Globo, primeiro falou que não sabia da existência. Depois, ela afirmou que pediram sua autorização para gravar.

Também diz que "nunca teve a oportunidade" de conhecer a zona de Belo Horizonte e que trabalhava como empregada doméstica antes de se casar.

Ela diz não guardar muitas memórias da capital mineira, mas, sim, da vida ao lado do jogador. "Conheci cinco países com ele, e de avião."


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