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Sem cortes, maior palco do mundo pode ir à falência

Para especialista em finanças e arte, problemas na economia afetaram muitos contribuintes ricos do MET

Sindicatos culpam gastos excessivos na gestão de Peter Gelb pela crise financeira que ameaça a ópera

DE NOVA YORK

A crise financeira no maior palco de ópera do mundo, o Metropolitan Opera, já se anunciava há algum tempo. Enquanto, desde 2008, no início dos problemas na economia dos EUA, as despesas subiram 3,5% por ano, a bilheteria teve queda de 1%.

Segundo a direção, as vendas só representaram 79% da ocupação da casa em 2013. As doações caíram 12% desde 2006. Em dezembro de 2012, o MET vendeu US$ 100 milhões em títulos para refinanciar dívida de US$ 63 milhões.

O cenário, segundo o diretor-geral, Peter Gelb, é apocalíptico: em três anos, sem cortes drásticos, a casa pode ter que declarar falência.

O diretor defende que enxugar a folha de pagamento é indispensável, já que 80% do orçamento em 2013 foi gasto com salários e benefícios.

"Eu não quero cortar os salários, eu preciso fazer isso para que o MET sobreviva", disse Gelb à Associated Press.

No sábado (2), o Metropolitan Opera concordou em contratar um analista independente para estudar as finanças da casa. Com isso, contratos com funcionários foram estendidos por cerca de "uma semana".

Para os sindicatos, o que levou à crise foi a gestão de Gelb, desde 2006, com gastos excessivos em produções e novos projetos, como a transmissão da ópera em cinemas pelo mundo. Um campo de papoulas usado em "Príncipe Igor", de Borodin, no primeiro semestre, tornou-se o símbolo do debate, pelo custo: US$ 169 mil (R$ 385 mil).

"Não é que não devesse ter papoulas, mas o sentimento é de que poderia ter sido feito pela metade do preço", diz um artista. Uma proposta dos sindicatos é reduzir o número de produções por temporada, de sete para seis.

Em 2013, quase 50% da receita de US$ 324 milhões do MET veio de doações, e 28%, de bilheteria. "A crise de 2008 exacerbou o problema, especialmente em Nova York, considerando o número de doadores ricos afetados", afirma o especialista Stephen Mihm.

Para Duncan Webb, especialista em finanças e arte da New York University, é preciso repensar o modelo de arrecadação, com "melhor persuasão" entre doadores, mas também cortes em despesas. "Há um ponto em que doações anuais, mesmo se crescerem, não serão suficientes para equilibrar o orçamento."

James Claffey Jr., presidente do Local One, sindicato dos técnicos de palco, diz que os funcionários lutarão para manter salários. "Muitas escolas gastam 90% do orçamento com professores. Quanto uma ópera deve gastar com seus funcionários? Nós somos a ópera."

No Brasil, os principais palcos de ópera e música erudita, o Theatro Municipal e a Osesp, em São Paulo, são geridos por organizações privadas, mas contam com financiamento público, além da bilheteria e de recursos privados -- captados com empresas e pessoas físicas, que recebem, em troca, benefícios fiscais.


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