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Crítica serial

Luciana Coelho coelho.l@uol.com.br

"Extant" é versão de Spielberg pasteurizada

Série com Halle Berry sobre família e espaço parte de boa premissa, mas corre o risco de se perder no vazio

Pegue um produtor consagrado, uma atriz vencedora do Oscar, um galã da TV, um ator mirim talentoso, referências a filmes icônicos de ficção científica e um bom mistério, encha a produção de dinheiro, capriche na publicidade de lançamento e eis um sucesso. Ou quase.

"The Extant", série da rede de TV americana CBS que tem Steven Spielberg por trás, estreou com barulho em julho nos EUA, mas vem perdendo audiência mais rápido do que a Nasa perde financiamento.

A produção, caprichosamente ambientada em um futuro-pouco-distante, conta a história da astronauta Molly (Halle Berry, a Tempestade de "X-Men") que volta à Terra após 13 meses em uma estação espacial e descobre que está grávida.

Exceto por algumas alucinações persistentes com um ex-namorado morto e o sistema robótico da nave, ela não teve companhia na missão.

De volta ao solo, informada de seu estado pela médica da agência espacial privada (não há mais Nasa, o dinheiro vem de um investidor japonês excêntrico), decide omitir tudo dos patrões e do marido, o cientista John (Goran Visnjic, de "Plantão Médico"). Claro, a mentira dura pouco e logo ela será perseguida.

Tem mais: Molly pensava ser estéril, e o casal já tinha como filho uma criança robótica desenvolvida por John, Ethan (Pierce Gagnon, ótimo), que começa a dar sinais de que não é o anjo que os pais enxergam.

Se o leitor se cansou do resumo, que omite subtramas, isso pode ser uma pista de por que a produção vem falhando em cativar o público.

"Extant" (algo como "inextinto") parte de uma boa premissa para chegar a lugar nenhum, ao menos por enquanto --a série está em seu quinto episódio, de 13 previstos na primeira temporada, e a mídia dos EUA já questiona se haverá outra.

As perguntas são lançadas sem que haja tempo para respostas ou mesmo hipóteses. E tudo parece ter sido feito antes, até pelo mesmo Spielberg, cuja produtora se associou a CBS para a empreitada.

Em um capítulo, por exemplo, tem-se a impressão de que Molly é vítima de um computador onipotente (Stanley Kubrick fez melhor em "2001, uma Odisseia no Espaço"), ou de alienígenas que manipulam a memória ("O Enigma do Horizonte", filme mediano de 1997, dava mais medo) e ou de um ser bizarro na barriga (fiquemos com "Alien").

O menino-robô Ethan, mais humano do que alguns companheiros de cena, parece uma mistura do David de "Inteligência Artificial" (de Spielberg) com a Super Vicky da série homônima dos anos 80.

No início de cada episódio, a protagonista lembra que aquela é uma história sobre família e espaço, temas que para Spielberg despertam fetiche em igual medida. Pois o enredo toca ambas as coisas, além do subgênero da grande conspiração, sem se dedicar de fato a nenhuma.

Se escolher um caminho, "Extant" tem futuro. Berry é boa, o talento de Spielberg é inegável, e dá vontade de gostar da série. Por ora, porém, o mais interessante ali é a parafernália futurista dos personagens.


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