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Crítica - Música clássica

Obra que se aproxima do jazz leva desafio à Osesp e a solista

SIDNEY MOLINA CRÍTICO DA FOLHA

A festa dos 60 anos da Osesp, na última quinta (14) começou com música. No palco escuro, Marin Alsop atacou a "Alvorada", prelúdio do quarto ato da ópera "Lo Schiavo", de Carlos Gomes (1836-96); ao longo da peça, todas as luzes da Sala São Paulo foram acesas.

Foi bonito ver no palco a homenagem a cinco spallas (primeiros violinos) da história do grupo: além do filho de Ayrton Pinto (1933-2009), estavam lá Natan Schwartzman, Erich Lehninger, Cláudio Cruz e --pronto para tocar-- o carismático Emmanuele Baldini.

De volta à música, tivemos a estreia latino-americana do "Concerto para saxofone" de John Adams (coencomenda da Osesp com as sinfônicas de Sydney, Saint Louis e Baltimore), e a "Sinfonia nº 5" de Tchaikovsky (1840-93).

O concerto para sax alto de Adams, 67, obviamente pode ocupar um espaço funcional importante no repertório de um instrumento ainda carente como solista de orquestra.

Traz também desafios ricos e interessantes para solista --o refinado Timothy McAllister, a quem a obra foi dedicada--, músicos e regente, como as obsessivas e delirantes sequências justapostas com compassos de cinco tempos.

Mas é mais do que isso. Adams desloca a escola francesa do saxofone erudito na direção do jazz de Charlie Parker (1920-55) sem cair em paródias estilísticas. Densidade e acabamento formal estão presentes na obra.

Se há uma imagem do jazz, ela se amolda ao universo amplo e alternativo do compositor. A própria Revista Osesp traz em sua edição de agosto esclarecedores depoimentos do próprio Adams.

Ao refletir sobre a conquista de sua voz poética, o norte-americano fala do tédio vanguardista vivido na pele por sua geração, e da busca por uma "força impulsionadora" capaz de carregar o ouvinte consigo. Sua nova obra passa com categoria por tudo isso.

A "Quinta" de Tchaikovsky foi tocada com sintonia plena. Era como se o público mesmo estivesse regendo, como se a intenção de cada um empurrasse a travessia da orquestra.


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