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Crítica serial

LUCIANA COELHO coelho.l@uol.com.br

Violenta, 'Tyrant' envolve de forma bizarra

Drama brutal sobre um árabe americano que volta ao país natal traz noticiário geopolítico para a ficção

Interpretar o Oriente Médio pelos olhos de um exilado árabe e apresentá-lo ao público americano é das tarefas mais duras que um produtor de TV pode assumir, ainda mais se quiser fazê-lo com alguma isenção e entreter, em vez de pregar.

Nesse terreno árido em que o risco é resvalar em clichês ou simplificações, e que parece interessar cada vez mais à ficção televisiva nos Estados Unidos, navega "Tyrant", drama do FX que estreou na TV americana no fim de junho e que deve chegar ao Brasil em outubro.

"Tyrant" é uma série violenta e bizarramente envolvente. Obra de Gideon Reich, o mesmo produtor, roteirista e diretor de "Homeland", fala de uma ditadura do Oriente Médio para onde retorna o pediatra autoexilado Bassam (Adam Rayner).

O médico, porém, não é um filho pródigo qualquer: seu pai é o tirano do título (pelo menos a princípio), que em um diálogo divertido lamen

ta o destino de seus "chapas" Saddam Hussein e Muammar Gaddafi.

Em visita ao país após 20 anos vivendo nos EUA, durante os quais se casou e teve dois filhos, Bassam é surpreendido pela morte do patriarca e pela necessidade de se reconciliar com o passado e com o irmão mais velho, um menino covarde que se tornou um playboy cruel (a relação com Uday Hussein, filho mais sanguinário de Saddam, é clara).

A dinâmica entre os dois é o que conduz a história, e, a julgar pelos primeiros capítulos, o vilão, interpretado pelo ator israelense Ashraf Barhom, leva a melhor diante do insípido Bassam de Rayner.

Mas, mesmo com a boa premissa e a ambientação caprichada (a série foi filmada em Marrocos e Israel), "Tyrant" pode ser difícil de assistir em alguns momentos.

A violência, sobretudo sexual, é muito mais explícita que a de "Homeland", e a forma como alguns personagens foram compostos está perto demais do estereótipo.

Talvez seja apenas um estranhamento inicial para nos colocar no mesmo pé que a família de Bassam, mulher e dois filhos, que repentinamente são transplantados para uma terra estranha e veem o pediatra dócil que se apresentava como Barry ser obrigado a abraçar suas raízes.

Torçamos. Com "Homeland", Raff mostrou ter total consciência de que nada é preto e branco (seu coprodutor americano, Howard Gordon, de "24 Horas", nem tanto, embora seu talento para conduzir uma trama seja inegável).

Em conjunto, as duas criações do produtor israelense podem ser vistas como um dos projetos mais ousados da indústria do entretenimento americana desde que ela começou a se recobrar do trauma do 11 de Setembro, o que não é pouco.

Até agora, o público parece ter dado um voto de confiança e se mantém firme, embora mais tímido que o de outras produções do canal.

Para ser um acerto, "Tyrant" precisará de mais sutileza do que mostrou nos primeiros episódios.


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