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Crítica - Artes visuais

Mostra foge do olhar simplista sobre a mestiçagem no Brasil

FABIO CYPRIANO CRÍTICO DA FOLHA

A sobreposição de 38 aquarelas do século 18 sobre o conflito entre bandeirantes e índios kaingang, no Paraná, da série "Marcados", de Cláudia Andujar, com fotos dos ianomâmis identificados para cuidados médicos por conta do contato com os brancos, no século 20, e dos desenhos de Taniki Manippi-Theri, um ianomâmi se autorretratando, funcionam como uma síntese de "Histórias Mestiças".

Em vez de celebrar a mestiçagem, a exposição, no Instituto Tomie Ohtake, apresenta uma abordagem que problematiza os mitos fundadores do Brasil ao sobrepor distintas visões, como as aquarelas, fotos e desenhos ianomâmi na sala Encontros e Desencontros, um dos seis núcleos da mostra.

RESUMO

Com curadoria de Lilia Moritz Schwarcz e Adriano Pedrosa, "Histórias Mestiças" é uma espécie de resumo da Mostra do Redescobrimento, a exposição que, em 2000, celebrou de forma ufanista e exagerada, com 15 mil obras, a história dos 500 anos do Brasil.

Enquanto no Redescobrimento 13 módulos segmentavam a cultura brasileira por temas e movimentos, como arte moderna, indígena ou negra, "Histórias Mestiças", ao não compartimentar, evita procedimentos rígidos. E, melhor, apresenta uma história colonial que evita hierarquias simplistas e polarizadas.

Um exemplo é o núcleo Máscaras e Retratos, em que se observa tanto uma pintura de uma negra tão adornada que nem parece escrava, como a série de retratos de amas de leite, que servem mais como moldura para mostrar as crianças.

Outro mérito da mostra é o seu caráter político e reflexivo, tão distante da prática dos museus paulistas --com exceção do Museu Afro Brasil, que em dez anos de funcionamento tem revisto a história da cultura brasileira de forma original.

Com várias obras encomendadas para a mostra, a instalação de Ernesto Neto "Em Busca do Sagrado Jiboia" torna-se um destaque, pois deixa de ser ilustração para se tornar uma prática real de mestiçagem.


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