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Crítica - Literatura

Estudo consistente reafirma importância da geração beat

Livro de Claudio Willer conta história da relação de Kerouac e Ginsberg

CIRO PESSOA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Perguntado certa vez sobre o que achava da literatura beat, o escritor americano Truman Capote respondeu com uma frase contundente: "Isso não é escrita, é datilografia".

O "slogan", uma crítica à prolixidade da prosa beat, tornou-se munição nas hostes daqueles que a detrataram e tentaram minimizar sua importância.

Em "Os Rebeldes - Geração Beat e Anarquismo Místico", o poeta, tradutor e escritor Claudio Willer retoma a polêmica e afirma que a influência beat contribuiu para a abertura em sociedades contemporâneas "vencendo o descrédito promovido por críticos burocráticos e sumidades acadêmicas".

O livro é um estudo consistente sobre o movimento iniciado nos anos 1940 e definido por um de seus principais mentores, Allen Ginsberg (1926-1997), como "um grupo de amigos que trabalharam juntos em poesia, prosa e consciência cultural".

E não deixa dúvidas de que seus integrantes tinham um embasamento intelectual bastante apurado e sabiam muito bem o que faziam e onde queriam chegar.

Dentre as diversas abordagens que Willer faz sobre os beats --influências poéticas, origens sociológicas, loucuras, opções políticas-- chama atenção aquela que tira o budismo do principal foco de religiosidade do grupo.

Segundo ele, comentaristas tendem a se fixar na relação deles com o budismo e "são deixadas de lado outras correntes, antecedentes e influências do grupo, desde os antigos gnósticos dos primeiros séculos d.C, passando pelos adeptos do Espírito Livre (seita medieval que tinha como um de seus postulados nada é pecado exceto aquilo que é pensado como pecado') até os contemporâneos".

E é exatamente essa mescla heterogênea de culturas religiosas que recebe o nome de anarquismo místico.

Os protagonistas da narrativa de Willer são os poetas e escritores Jack Kerouac (1922-1969) e Ginsberg. Numa espécie de dupla biografia que corre paralela ao livro, a história da relação entre os dois é contada desde o momento em que Ginsberg levou os originais do primeiro livro de Kerouac a editores que conhecia até o fim dos anos 1960.

Em seu último pronunciamento, o artigo "Depois de Mim, o Dilúvio", de 1969, Kerouac disparou sua metralhadora giratória em direção a Ginsberg e à contracultura e negou ser "o grande pai branco e precursor intelectual que desovou um dilúvio de radicais alienados, manifestantes contra a guerra, vencidos na vida, hippies e até beats".

É datilografia ou escrita?


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