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Tom realista marca longas da competição
DE SÃO PAULOOs efeitos da crise econômica, genocídios históricos, biografias de pessoas célebres. O realismo dá a tônica à mostra competitiva de filmes na 71ª edição do Festival de Veneza, que começa hoje.
Com "Pasolini", o americano Abel Ferrara ("Vício Frenético") leva ao Lido sua versão para a última noite do diretor italiano Pier Paolo Pasolini (1922-1975), assassinado por um garoto de programa.
No documentário "The Look of Silence", o diretor americano Joshua Oppenheimer volta a tratar do morticínio indonésio sob a ditadura de Suharto, já retratado em "O Ato de Matar", mas agora sob o ponto de vista de suas vítimas, e não dos algozes,
Genocídio é tema de "The Cut", coprodução França-Alemanha dirigida por Fatih Akin ("Soul Kitchen"). O alemão de origem turca exibe longa sobre um pai que procura as filhas, sobreviventes do massacre contra os armênios no então Império Otomano.
"O povo da Turquia, do qual também faço parte, está preparado para este filme", disse Akin, em entrevista ao semanal turco-armênio "Agos". Em 2015 completam-se cem anos do genocídio.
Já o americano "99 Homes", de Ramin Bahrani, esbarra no universo da crise econômica americana: um jovem (Andrew Garfield) é forçado a trabalhar para um corretor de imóveis para recuperar a casa da qual foi expulso.
"O homem comum não consegue mais trabalhar honestamente e prosperar contra a ganância e a corrupção sistemáticas", escreveu o diretor Bahrani sobre seu filme à organização do festival.
"Good Kill", de Andrew Niccol, também aborda um tema quente: a guerra por meio dos drones (aviões não tripulados usados pelos EUA).
Ao todo, 20 filmes disputam o Leão de Ouro. Na abertura do festival, o mexicano Alejandro González Iñárritu ("Amores Brutos") exibe "Birdman", comédia de humor negro com Michael Keaton no papel de um ator que busca se desvencilhar do papel de um super-herói, que marcou sua carreira.
