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Crítica - Drama

Silêncio põe homem a nu em longa de argentino Carlos Sorín

Diretor de 'O Cachorro' revisita região inóspita da Patagônia em 'Filha Distante'

SYLVIA COLOMBO DE SÃO PAULO

Nos filmes dirigidos pelo argentino Carlos Sorín, 70, o protagonista costuma ser a Patagônia.

Não por conta da beleza das paisagens gélidas e do ruído do vento constante, ambos presentes em suas histórias. Mas por colocar o foco no tipo de relações humanas e afetivas que a região, pouco povoada e ao sul do país, evoca em seus habitantes.

Em "Filha Distante", filme de 2012 que chega agora ao circuito comercial brasileiro, o diretor revisita o cenário já explorado em "Histórias Mínimas" (2002) e "O Cachorro" (2004).

A trama agora é vivida por Marco (Alejandro Awada), um homem maduro que chega de Buenos Aires para tentar resgatar algo vivido em seu passado.

Para isso, precisa reatar a relação com a filha, Ana (Victoria Almeida), que se afastou dele e foi viver num pequeno povoado com o marido e o filho, ainda bebê.

Por alguma razão, que não descobriremos, Ana guarda imensa mágoa do pai.

RELAÇÕES

Sorín parece dirigir sua câmera com a intenção de mostrar que, nesse ambiente inóspito, em que há menos pessoas e a natureza é tão imponente, e às vezes ameaçadora, as relações ganham outro sentido e são moldadas pela solidariedade e pela ideia de que é preciso solidificar os afetos para enfrentar a adversidade.

Nenhum encontro é desperdiçado. Um diálogo num restaurante de beira de estrada ou numa lojinha de brinquedos pode conter uma reflexão de grandes dimensões sobre a essência das relações ou sobre a finitude da vida.

Assim são também os encontros entre pessoas de diferentes idades ou contextos sociais.

É como se Sorín quisesse educar-nos para a necessidade de dar o devido valor a esses mesmos diálogos quando eles acontecem nas grandes cidades.

Nesse sentido, vai de encontro à tradição recente do cinema argentino, muito centrada em discussões verborrágicas e espirituosas que ocorrem em espaços pequenos e reforçam as neuroses dos relacionamentos de classe média.

No cinema de Sorín, dá-se o contrário. O silêncio e a natureza põem o homem a nu diante de seus sentimentos. Nem todos aguentam.


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