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Espetáculo retrata Nijinsky delirante e atormentado

Em peça, bailarino conversa com personagens que vivem em sua mente

Protagonista do texto de Gabriela Mellão é auxiliado por uma cama elástica para reproduzir saltos do dançarino

FERNANDA REIS DE SÃO PAULO

Quando o bailarino russo Vaslav Nijinsky (1890-1950) saltava, parecia que fazia uma pausa no ar. Utilizando esses célebres voos como símbolo para sua ascensão e queda, a peça "Nijinsky - Minha Loucura É o Amor da Humanidade" leva a história do artista aos palcos.

A primeira versão do texto, que estreou nesta quinta (28) em São Paulo, foi escrita há mais de dez anos pela jornalista e dramaturga Gabriela Mellão, colaboradora da Folha. "Era uma peça mais realista e didática. Tinha uma preocupação histórica", conta ela.

Quando o ator João Paulo Lorenzon entrou no projeto e passou a dividir a direção com Mellão, a abordagem mudou e o texto se tornou menos linear e mais delirante. O dançarino vivido por ele é torturado, atormentado por personagens que habitam sua mente.

"A peça diz muito sobre a busca do artista por uma voz, por romper barreiras e tradições", diz Mellão. Em cena, Nijinsky conversa com sua mãe, sua mulher, sua irmã e seu empresário, expondo a eles todas as suas inquietações em diálogos filosóficos.

Durante a peça, o protagonista é manipulado pela família, chegando a ser amarrado por todos que participam de sua vida e puxado de um lado para o outro.

Embora não seja um espetáculo de dança, os movimentos do elenco são muito plásticos e ritmados. "Ia ficar ridículo colocar alguém para tentar dançar como Nijinsky", diz Mellão. "Mas o gestual e a fisicalidade são muito elaborados. Tinham de ser."

A montagem foi desenvolvida com os atores, que improvisavam com o texto. Quando a cena estava pronta, um coreógrafo os ajudava a afinar os movimentos.

A cenografia da peça é simples: não há trocas de cenário ou abundância de objetos no palco, e os atores se vestem com roupas básicas em preto, branco e cinza. Em um único momento da apresentação, uma cor mais vibrante aparece, numa passagem importante ao final da trama.

Os pulos de Nijinsky são auxiliados por uma grande cama elástica que faz parte do palco, na qual o personagem ora executa belos movimentos acrobáticos, ora se deixa derrubar, derrotado.

"Eu pensei em como retratar a magia dos saltos dele de maneira poética", diz Mellão. "Aí surgiu a ideia do trampolim, que conta essa história de maneira mágica, como tem que ser."


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