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Crítica - Rock
Disco pop do casal é o mais agradável do ano
No descompromissado 'Banda do Mar', trio parece querer agradar aos amigos numa rodinha de violões em casa
MESMO COM INSTRUMENTAÇÃO SOFISTICADA AQUI E ALI, O QUE FICA É A SENSAÇÃO DE ESCUTAR UM ANTIGO HIT POP
THALES DE MENEZES EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"O primeiro álbum da Banda do Mar pode dar a impressão de que se trata do melhor disco do ano. Pode até ser, ou não. Mas é, indiscutivelmente, o mais agradável.
As faixas se alternam em "músicas do Marcelo Camelo" e "músicas da Mallu Magalhães". Quem é mais velho pode facilmente associar isso ao "Double Fantasy" (1980), último álbum lançado por John Lennon (1940-1980), no qual ele divide as faixas com Yoko Ono.
Deixando de lado esse formato "casal", o importante é que o trio luso-brasileiro soltou um apanhado de canções pop, daquelas que grudam no ouvido e a gente sai assobiando pelo resto do dia.
A Banda do Mar acaba soando mais rock do que as iniciativas solo de Camelo e Mallu. Esta resgata em alguns momentos a pegada de blues que marcou seu primeiro álbum. O melhor exemplo é "Me Sinto Ótima", deliciosa canção "pra cima", como o título entrega.
É um hit instantâneo de Mallu, assim como "Mais Ninguém", a escolhida para ser o primeiro clipe extraído do álbum, e "Muitos Chocolates", que pode se tornar um hino para as meninas.
Falando das músicas assinadas e cantadas por Camelo, é curioso encontrar conexões com o trabalho de "4" (2005), último álbum de estúdio do Los Hermanos.
Camelo canta agora melodias parecidas com as de "4", mas este é o disco menos palatável de sua ex-banda, hermético, até chato. Mas, mesmo com elementos sonoros semelhantes, aqui tudo toma o rumo de sucesso pop.
Essas músicas que agradam logo na primeira audição exibem o grande mérito do álbum. O termo "descompromissado" pode ser usado sem medo. O trio parece estar em casa, querendo agradar aos amigos numa rodinha de violões.
Mesmo com instrumentação sofisticada aqui e ali, o que fica é a sensação de escutar um antigo e singelo hit pop fixado na memória afetiva. "Cidade Nova", de Camelo, que abre o disco, é bem isso.
"Banda do Mar" é caso cada vez mais raro de um disco que ganha o ouvinte na hora.