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Tiê vai além da voz em seu terceiro álbum

'Esmeraldas' chega após hiato de três anos e apresenta safra 'nervosa' de composições pop, com pegada de rock

Cantora deixa o estilo despojado dos primeiros discos e mostra canções encorpadas, uma delas escrita com David Byrne

THALES DE MENEZES EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

Tiê, 34, lança um trabalho diferente de seus dois primeiros álbuns, "Sweet Jardim" (2009), de voz, violão e piano, e "A Coruja e o Coração" (2011), que incorporou a bateria. O novo disco tem tudo.

"Esmeraldas" traz 12 canções encorpadas e todas as coisas que a cantora paulistana planejou para ele.

"Um lado épico e um lado rock, sujo, e ao mesmo tempo spaghetti western', sabe? Queria ouvir cavalos, apaches brigando com rednecks' do Brasil, queria tambores e cantoras líricas", diz Tiê à Folha no quintal do imóvel em que estão montadas sua agência de shows e a produtora de vídeo que tem com o marido.

Um disco com pop e rock, muitos instrumentos, coros e vocais dobrados, numa intensidade nova para Tiê, aparece depois de uma crise.

"Foi uma situação pela qual eu nunca esperei passar, a pressão da gravadora para entregar um disco. Perguntei se podia ser um disco de interpretação, até cheguei a cogitar, porque eu não tinha composições, estava meio zerada. Mas insistiram em um disco de músicas minhas, então eu disse que teriam de esperar, ou então que me espremessem para ver se saía alguma coisa", recorda Tiê.

Mas, na semana do último Natal, as músicas começaram a surgir. Primeiro, "Mínimo Maravilhoso", com clara pegada rock. Depois veio "Meia Hora" --"escrevi a letra em 15 minutos", ri a cantora.

Depois de trabalhar as ideias com o multi-instrumentista André Whoong, seu grande parceiro no disco, no dia 5 de janeiro ela ligou para o presidente da gravadora e disse: "Vamos fazer! Tenho o disco, com todos os arranjos!".

A cantora conta que foi como um raio que caiu em sua cabeça. E mostra a mão direita, tatuada com a figura estilizada de um relâmpago. "Não sei se foi esse raio que eu tatuei antes de ir para as férias, mas foi tipo boom!', veio um negócio mesmo. Foi um processo de não ter nada e de repente ter tudo."

AUTOBIOGRÁFICO

Tiê considera o novo álbum tão autobiográfico quanto os outros dois. "É o jeito que eu aprendi a fazer. Demorei muito, fui lançar meu primeiro disco aos 29, mas comecei a estudar canto aos 15. Enrolei, fiquei mexendo esse caldo até ver o que dava", conta. Ela afirma que não tinha confiança, não se achava uma intérprete que fosse cantar músicas dos outros.

Com a estreia, "Sweet Jardim", ela assumiu seu jeito de fazer música, com três acordes e falando das coisas que ela sabe falar, "bilhetes de amor". O disco seguinte teve mais público, com música em trilha de novela, mas sem o impacto do primeiro, feito numa fase "mais solta", com a primeira filha ainda bebê.

Ela decidiu que se fosse para fazer algo menos que bombástico, era melhor não fazer. E "Esmeraldas" veio visceral, intenso. Tiê se diz numa fase "tigre", "pra fora", mais cansada, mais velha, "mais tudo".

"Claro, pra que ter um filho só? Vamos fazer dois, é mais fácil. [Hoje ela tem duas meninas] Então vamos ter um cachorro também. E por que não uma produtora do lado de casa? Mas aí chega uma hora que você fica descabelada, não dorme, não come, quer mandar todo mundo à merda e não pode... Acho que isso está impresso no disco, é nervoso."

Tiê gravou no Brasil, com produção de Adriano Cintra (ex-CSS), e depois com Jesse Harris, parceiro de Norah Jones, em Nova York.

POP E CHIQUE

Segundo ela, Adriano foi o lado pop, enquanto Harris é mais "chique". O resultado são canções empolgadas e as melhores letras de Tiê até hoje. "Máquina de Lavar" e "Depois de um Dia de Sonho" são duas faixas para antologias, com versos como "Eu me aqueço desenhando um sol".

"All Around You" é parceria bilíngue dela com Tim Bernardes (de O Terno) e David Byrne. Ela procurou no ano passado o ex-Talking Heads, seu amigo desde 2011, pedindo inspiração em seu momento de bloqueio criativo.

"Falaram que minha cara na capa do disco está muito séria, mas é como eu estou, não amargurada ou deprimida, eu continuo feliz. Só estou em estado de alerta."


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