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Crítica - Teatro

Atores sustentam comédias populares baseadas em 'Hamlet' e na era do rádio

NELSON DE SÁ DE SÃO PAULO

O ponto de partida de "Hamlet ao Molho Picante", de 1991, já é uma boa piada: a tragédia "Hamlet" vista pelos empregados do castelo.

O italiano Aldo Nicolaj extrapolou o que o inglês Tom Stoppard havia feito com "Rosencrantz e Guildenstern Estão Mortos", de 1966. Introduziu personagens como o cozinheiro Froggy, que se revela o verdadeiro Fantasma. Da cozinha de Elsinore, é ele quem desenrola a trama da peça de Shakespeare.

A interpretação de Paulo de Pontes, do grupo Os Fofos Encenam, não desperdiça nenhuma deixa dos diálogos dinâmicos de Nicolaj e é um dos altos da montagem.

O outro, com comicidade até mais corajosa e tresloucada, é a Rainha Gertrudes de Luciana Paes. A atriz, da Cia. Hiato, vai além do texto, em busca do riso, e se mostra uma comediante de sensibilidade também popular. Na cozinha, destacam-se ainda Cleber Tolini e Melany Kern.

Mas a comédia para por aí. Objetos, figurinos e cenografia de época, assim como outras atuações, pesam sobre o ritmo e travam o humor. A representação de Hamlet é constrangimento à parte, pelos preconceitos farsescos.

O melhor da comédia "Caros Ouvintes" também surge em algumas atuações em especial. A peça escrita e encenada por Otávio Martins procura costurar o fim da radionovela com a ascensão da ditadura e da telenovela, no fim dos anos 1960, num paralelo não muito convincente.

Mas seus personagens da decadente "era do rádio", que no Brasil foi até os anos 1950, são um deleite para intérpretes como Eduardo Semerjian, como Péricles, o galã envelhecido de peruca, Agnes Zuliani, como Ermelinda Penteado, uma velha e reacionária radioatriz, e Alex Gruli, que faz o sonoplasta Eurico.

São papéis tragicômicos, que transmitem bem o saudosismo que o texto propõe --e que o elenco de maneira geral incorpora. A trilha e as canções, estas interpretadas ao vivo por Amanda Costa, vão pela mesma linha.

A identificação do público é ampla, no auditório lotado do Masp. Como já se observa também nos musicais, temas locais passam a ter maior resposta por parte da audiência.


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