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Titã Sérgio Britto vira apresentador de TV

Músico estreia hoje o 'Exílio e Canções', no qual entrevista ex-exilados e toca violão

GISLAINE GUTIERRE DE SÃO PAULO

Com voz grave e algo tímido, Almino Affonso, ex-ministro de João Goulart, entoa "Pra Não Dizer que Não Falei das Flores", de Geraldo Vandré, diante das câmeras. Ele nem queria cantar, mas não resistiu: ao violão, e também cantando, estava seu filho, o Titã Sérgio Britto.

A música era uma forma de lembrar os oito anos que Britto e sua família passaram no exílio no Chile, durante a ditadura militar no Brasil. A cena é também parte de "Exílio e Canções", série em sete episódios que o Titã comanda a partir de quarta (10), na TV Brasil.

A cada edição, Britto irá receber ex-exilados e com eles vai compartilhar canções que marcaram essa fase.

Entre os convidados estão o diretor de teatro Zé Celso Martinez Correa, a escritora Ana Maria Machado e Ciro Barcelos, ex-integrante do grupo Dzi Croquettes.

Britto, 54, era criança quando seu pai teve direitos políticos cassados. Era 1964, ano do golpe militar, Affonso teve de deixar o país às pressas. "Eu senti a ausência e a insegurança. Acho que isso foi o que mais me marcou", diz Britto.

Foram quase dois anos sem ver o pai, até a família se mudar para Santiago, em 1966. A casa deles era frequentada por militantes e exilados. "Os casos de tortura que contavam eram o que mais me chocava. Eram histórias terríveis", diz o cantor.

A política era uma constante. O medo também. Britto conta que, com seu irmão, ia de bicicleta até um rio para jogar lá livros sobre política. "Também queimávamos e jogávamos livros no vaso sanitário. Era estranho", diz.

Britto também foi às ruas em manifestações: "Lembro da sensação do gás lacrimogêneo, da gente com camiseta molhada na cara, porque ardia", diz.

Como exilado, sempre se sentiu um estrangeiro. Até quando voltou para o Brasil: "Aqui eu era o chileno", ri.

Britto acredita que ainda hoje é importante voltar ao tema da ditadura. "As pessoas que não viveram isso, não têm ideia do que foi."

Os convidados ajudam a recompor esse painel. Mas a aposta maior é a música.

"A Ana Maria Machado lembra de como foi emocionante ouvir Sabiá' no exílio, cantado por Nara Leão, que era sua amiga", diz o diretor do programa, Otávio Juliano.

Após intervenções de Britto ao violão, ao final uma banda, montada para o programa, toca uma música inteira.


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