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Crítica - Drama

Atrizes se destacam em 'Woody Allen francês'

Cuidado de Emmanuel Mouret na direção de elenco feminino em 'Um Novo Dueto' remete também a Éric Rohmer

SÉRGIO ALPENDRE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Revelado ao público brasileiro com seu terceiro longa, "Mudança de Endereço" (2006), Emmanuel Mouret foi chamado por alguns críticos de Woody Allen francês.

Faz sentido. Primeiro, porque é geralmente ator e roteirista de seus próprios filmes. Segundo, porque seus personagens têm falas afiadas e dificuldades com as mulheres, vistas como o maior mistério do mundo.

Uma observação mais atenta revela também fortes influências de Éric Rohmer (1920-2010) e Sacha Guitry (1885-1957), mestres da palavra no cinema. Ainda que Mouret não estivesse à altura de tão nobres figuras, era inegável o interesse pelo desenrolar de sua carreira.

Com "Um Novo Dueto", Mouret chega a seu sétimo longa ("Promène-toi donc Tout Nu!", de 1999, é um média de 50 minutos).

Mostra a procura de um novo caminho após seu decepcionante longa anterior, "A Arte de Amar" (2011).

A primeira mudança: ele só atua atrás das câmeras, privando-nos de suas feições humorísticas. A mudança mais marcante: não é uma comédia ligeira sobre um jovem desajeitado com as mulheres, mas um melodrama romântico, na linha de Alexandre Astruc e François Truffaut (1932-1984).

CRISE

No enredo, uma pianista em crise (Jasmine Trinca) vive em um retiro paradisíaco no sul da França, após a morte de seu pai. Ela se apaixona pelo eletricista Jean (Joey Starr), encarregado de instalar sistemas de segurança em sua casa.

Acontece que Jean tem uma namorada (Virginie Ledoyen), e ela passa a controlar o destino dos amantes de maneira surpreendente e melancólica.

A câmera privilegia o tratamento espacial das cenas, com as composições bem estudadas, além da atenção generosa às paisagens (o entorno romântico da relação).

As atrizes merecem destaque. Trinca estreou em "O Quarto do Filho" (2001), de Nanni Moretti. Não é bem uma grande atriz, mas está deslumbrante, cada vez mais parecida com a Anne Bancroft (1931-2005) dos anos 1960.

Ledoyen (de "Uma Garota Solitária"), sensação do cinema francês nos anos 1990, é outra riqueza do filme. Sua personagem, como vimos, é essencial.

Pensando bem, o cuidado na direção das atrizes, e a habilidade em trabalhar o espaço cênico fazem mesmo de Mouret um discípulo de Allen, Rohmer e Guitry. E por isso representa uma fatia de boa dramaturgia no combalido cinema francês atual.


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