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Graciliano dá entrevista na voz de ator

Escritor é interpretado por Marat Descartes durante diálogo que será exibido no programa 'GloboNews Literatura'

Para imitar a fala do alagoano, ator pediu dicas a familiares, que indicaram o tom de voz do ministro Aldo Rebelo

VITOR MORENO DE SÃO PAULO

Quem ligar a TV nesta semana poderá se assustar ao dar de cara com o escritor Graciliano Ramos (1892-1953) dando entrevista ao jornalista Edney Silveste, 64, no programa "GloboNews Literatura".

Não se trata de milagre ou de montagem com imagens de arquivo. A entrevista é real e ocorreu no mês passado no Rio. O autor alagoano, no entanto, foi interpretado pelo ator Marat Descartes, 39.

A ideia partiu de Selma Caetano, curadora da mostra "Conversas de Graciliano Ramos", que será aberta na terça-feira (16) no Museu da Imagem e do Som de São Paulo e também terá o vídeo como uma de suas atrações.

Ela pesquisou entrevistas, documentos e cartas do escritor para montar um calhamaço de 800 páginas, que foi editado até se tornar as falas literais que Graciliano diria na entrevista. Silvestre improvisou as perguntas para chegar àquelas respostas, mas diz que procurou não se manter muito próximo do material para não perder a espontaneidade na conversa.

"Não fizemos dois takes' de nada. Tudo o que vai ao ar foi gravado de primeira, como se fosse uma entrevista de verdade com o Graciliano", disse o jornalista. "O ator encarna, é a única forma de dizer."

CIGARRO NA MÃO

Para compor o personagem, Descartes se baseou, sobretudo, em fotos. "Quando vi as imagens, achei que a gente tem uns traços muito parecidos", conta o ator.

A caracterização incluiu terno e óculos iguais aos que Graciliano usava e o inseparável cigarro na mão. "A gente que é ator quando veste o figurino parece que baixa mesmo", brinca. "Gostaria de ter escutado um pouco da voz do Graciliano, mas não existe nenhum registro", lamenta.

Para suprir a falta, o ator pegou dicas com familiares sobre a cadência da fala do escritor. Assim, descobriu que ele falava com pausas e que quase não tinha sotaque. A família indicou o ministro Aldo Rebelo (Esporte) como alguém com tom de voz parecido.

Tanto Silvestre quanto Descartes destacaram que o senso crítico do autor de "Vidas Secas" e "São Bernardo", entre outros, é a característica que mais chama a atenção.

"Ele não se achava um grande escritor, tinha um senso de transitoriedade impressionante", destaca o jornalista. "Chega a ser engraçado, porque todos os livros dele que ele cita, diz que não são bons", conta Descartes. "E não era uma coisa falsa. Ele era muito meticuloso e perfeccionista, sempre achava que suas obras estavam aquém do que poderiam ser."

NA TV
GloboNews Literatura
Especial Graciliano Ramos
QUANDO sexta (19), às 20h, na GloboNews
CLASSIFICAÇÃO não informada


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