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'Procuro dar sentido à rua, que está privatizada', afirma Pejac

Famoso por arte em cidades europeias, espanhol posa para fotos de costas, mas utiliza nome real

Trabalho do ilustrador, que começou em 2000 em Milão, incorpora características das paredes às pinturas

EM MADRI

A intervenção urbana do artista espanhol Pejac, destaque atualmente em diversas ruas da Espanha e da França, começou em 2000. Vivendo em Milão, decidiu embelezar a cidade que considerava cinza e agressiva. "Precisava dar graça ao meu bairro, para torná-lo mais habitável."

O impulso sumiu em seguida e voltou apenas em 2008, quando mais uma vez quis alterar a realidade externa. "Não é uma coisa premeditada", diz o autor. "É a vontade de dar sentido à rua, que contraste com a publicidade. Tudo está privatizado."

Pejac afirma fazer questão, também, de que os desenhos dialoguem com o contexto. Por isso não tem em mente produzir imagens por encomenda, por exemplo, em festivais. "As obras que fiz em Paris estão em um bairro de imigrantes, gente que nunca havia estado em um museu."

SUPERFÍCIES

Para o jornalista croata Sasha Bogojez, que escreve sobre arte urbana para meios especializados, uma das principais diferenças entre Banksy e Pejac é a técnica.

Se o britânico é conhecido pelo uso do estêncil, o espanhol trabalha com diversas ferramentas para aproveitar a superfície onde desenha. "Pejac usa, por exemplo, lixas para gravar uma imagem em um muro", afirma.

"Pejac aproveita os elementos externos no desenho de modo que parece que o contexto é que criou a obra e que o artista somente a posicionou ali", diz Bogojez. Um buraco, uma dobra, uma rugosidade --tudo se mescla à imagem, segundo o repórter.

O artista espanhol não lucra com essas intervenções. Mas, diz, seu trabalho de estúdio, como murais em espaços interiores, recebe atenção a partir das obras de rua.

Pejac tem, como Banksy, uma certa aura em torno de si. Nas imagens em que aparece pintando, está sempre de costas. Mas, ao contrário de Banksy, que trabalha com a ideia de anonimato, o espanhol não esconde sua identidade --se chama Silvestre, e Pejac é o sobrenome de sua mãe, francesa.

"As pessoas pensam que Pejac é um pseudônimo, que eu escondo meu nome. Assino como Pejac porque é como me sinto, como artista."

O rosto ele não costuma mostrar porque, diz, prefere que o foco esteja na obra. Assim como desgosta da tentativa do governo de se apropriar das intervenções, decidindo quais serão permitidas no espaço público.

Um de seus desenhos mais famosos, um homem que varre a si mesmo, feito em uma porta abandonada na cidade de Santander (norte da Espanha), foi apagado dois dias depois de concluído pela prefeitura local.

"Quando a arte urbana for considerada um esporte olímpico, os governos irão se arrepender", diz o ilustrador.


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