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Seminário na USP revê efeito do golpe de 64 sobre cultura

Encontro na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas vai de hoje a sexta

Segundo Augusto Massi, organizador do ciclo gratuito, ditadura também teve reflexo positivo para as artes

SYLVIA COLOMBO DE SÃO PAULO

"O ano de 1964 não é o de 2014. De lá para cá muita coisa mudou. Mas há também continuidades, como a repugnância de setores de elite pelo povo e por suas necessidades", diz à Folha o crítico literário Roberto Schwarz ("Um Mestre na Periferia do Capitalismo"), um dos principais convidados do seminário "O Golpe de 1964 e a Cultura Brasileira".

O evento ocorre desta quarta (17) até sexta-feira (19) no anfiteatro da História, na Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (av. Lineu Prestes, 338, Cidade Universitária). O seminário é aberto ao público, sem necessidade de inscrição.

Inicialmente pensado como um evento para discutir literatura, o seminário foi ampliado para abarcar também o cinema, a televisão, o teatro e a música. Apesar de não haver uma mesa específica sobre arquitetura, os organizadores afirmam que o tema também será abordado em outras intervenções.

"Se houve uma derrota política com o golpe, houve também, certamente, uma vitória cultural. O impacto nas artes foi muito grande e se reflete ainda hoje no modo como se pensa a ideia da pobreza, como se faz a crítica da modernidade na cultura", diz o professor, poeta e editor Augusto Massi, um dos organizadores do ciclo, junto a Luiz Roncari e Priscila Figueiredo.

Já o historiador e crítico literário Alfredo Bosi ("Literatura e Resistência") diz que privilegiará, em sua participação, na sexta-feira, a reconstrução do ambiente cultural e intelectual pouco antes e pouco depois do golpe.

"O programa de reformas do governo João Goulart (1961-1964) e o clima de progressismo influenciaram muito a crítica literária do começo dos anos 1960. Era um tempo propício a reformas e de discussão sobre a construção do Brasil", diz.

"É esse quadro que quero compor, já que se trata de estabelecer um diálogo com uma audiência jovem."

Para Bosi, ainda faltam, nas recordações dos 50 anos do início da ditadura, que venham à tona mais informações das comissões da verdade. "Nós sabíamos dos desaparecimentos, das torturas, mas ainda falta que se sistematize um quadro mais completo desse duro período", conclui.

"A data-chave do Brasil moderno é 1964, acredito que em todos os planos. A direita saiu vencedora do enfrentamento social, impondo a ditadura. Mal ou bem, a cultura refletiu a esse respeito. A ideia desse encontro é dar um balanço da questão", afirma Schwarz.

Sua apresentação será feita a partir de "Martinha versus Lucrecia" (Companhia das Letras), livro de ensaios em que trata de obras de Caetano Veloso, Chico Buarque, Francisco Alvim e outros.


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